Educação inclusiva bilíngue para surdos: problematizações acerca das políticas educacionais e linguísticas
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n2a3277Palabras clave:
Educação bilíngue, Educação de surdos, Educação inclusiva, Língua Brasileira de SinaisResumen
O presente trabalho problematiza a polêmica educação de surdos, mais especificamente na educação infantil em escolas inclusivas. Algumas reflexões são tecidas no que tange à política educacional e linguística em escolas inclusivas bilíngues e, ainda, o desafio da manutenção de programas bilíngues que tomam a surdez pela centralidade da língua de sinais, como língua de instrução e de diferença no ensino. O olhar se dará na ação de uma escola polo de um dos municípios no interior do Estado de São Paulo. Evidencia-se a urgência de mudanças para a composição da diferença surda no espaço escolar e, com isso, a necessidade de quebras de paradigmas, travando diálogo entre as Secretarias de Educação e os movimentos surdos. Como método de análise utilizou-se um recorte da pesquisa em uma cena escolar a qual será usada como alegoria da teoria apresentada, promovendo um adensamento nos construtos foucaultianos. Usou-se a perspectiva genealógica de Michel Foucault que toma as relações de poder como efeito de saberes os quais circunscrevem o espaço institucional escolar. O leitor é, assim, convidado a desbravar algumas tensões presentes na perspectiva bilíngue a qual rompe radicalmente com o olhar da surdez a partir da deficiência e convoca a escuta da diferença na mais radical singularidade que a língua de sinais proporciona nos sujeitos surdos.
Palavras-chave: Educação bilíngue. Educação de surdos. Educação inclusiva. Língua Brasileira de Sinais.
Descargas
Citas
Bakhtin, M.M. Marxismo e filosofia da linguagem. 11.ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
Brasil. Presidência da República. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/CCIVIL/LEIS/2002/L10436.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016.
Brasil. Presidência da República Decreto nº 5626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília: Presidência da República, 2005. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016.
Foucault, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
Foucault, M. A arquiologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
Foucault, M. Em defesa da sociedade: curso no Collége de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Foucault, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
Foucault, M. Aulas sobre a vontade de saber. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
Gesser, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
Gomes, G.N.C; Nascimento, J.B.M.do (Org.). Experiências exitosas em educação bilíngue para surdos. Secretaria de educação. Fortaleza: Seduc, 2011.
Lacerda, C.B.F. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cadernos Cedes, v.26, n.69, p.163-184, 2006.
Lacerda, C.B.F. Intérprete de Libras: em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Mediação, 2009.
Lacerda, C.B.F.; Santos, L.F.; Martins, V.R.O. (Org.). Escola e diferença: caminhos da educação bilíngue para surdos. São Carlos: Edufscar, 2016.
Lodi, A.C.B.; Lacerda, C.B.F. (Org.). Uma escola, duas línguas: letramento em língua portuguesa e língua de sinais nas etapas iniciais de escolarização. Porto Alegre: Mediação, 2009.
Lodi, A.C.B.; Luciano, R.T. Desenvolvimento da linguagem de crianças surdas em língua brasileira de sinais. In: Lodi, A.C.B.; Lacerda, C.B.F. (Org.). Uma escola, duas línguas: letramento em língua portuguesa e língua de sinais nas etapas iniciais de escolarização. Porto Alegre: Mediação, 2009. p.33-50.
Luz, R.D. Cenas surdas: os surdos terão lugar no coração do mundo? São Paulo: Parábola, 2013.
Martins, V.R.O. Educação de surdos no paradoxo da inclusão com intérprete de língua de sinais: relações de poder e (re) criações do sujeito. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
Martins, V.R.O.; Albres, N.A.; Sousa, W.P.A. Contribuições da educação infantil e do brincar na aquisição de linguagem por crianças surdas. Pro-Posições, v.26, n.3, p.103-124, 2015. <http://dx.doi.org/10.1590/0103-7307201507805>. Acesso em: 17 abr. 2016.
Morato, E.M. Vigotski e a perspectiva enunciativa da relação entre linguagem, cognição e mundo social. Educação & Sociedade, v.21, n.71, p.149-165, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302000000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 23 abr. 2015.
Rodrigues, F.C. Língua viva, letra morta: obrigatoriedade e ensino de espanhol no arquivo jurídico e legislativo brasileiro. São Paulo: Humanitas, 2012.
Silva, D.N.H. Como brincam as crianças surdas. São Paulo: Plexus, 2002.
Soares, M.A.L. A educação do surdo no Brasil. Campinas: Autores Associados, 1999.
Souza, S.J. Infância e linguagem Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas: Papirus, 1994.
Stokoe, W. Sign language structure: An outline of the visual communication systems of the American deaf. Nova York: University of Buffalo Press, 1960.
Stokoe, W. Sign and culture: a reader for students of American sign language. Maryland: Linstok Press, 1980.
Thoma, A.S.; Lopes, M.C. A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2004.
Thoma, A.S.; Lopes, M.C. A invenção da surdez II: espaços e tempos de aprendizagem na educação de surdos. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006.
Vygotsky, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991.