A responsabilidade da escola perante manifestações de agressividade: o olhar revelado por meio das redes sociais / The responsibility of the school in view of manifestations of aggressiveness: The view through social networks
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v23n2a3929Palavras-chave:
Criança. Representação Social. Responsabilidade.Resumo
Este artigo relata uma investigação sobre as representações sociais (Serge Moscovici), construídas a partir da veiculação, nas redes sociais, de um vídeo que retrata uma criança derrubando objetos em uma sala, ocorrido em outubro de 2015, em Macaé, Rio de Janeiro. Esse vídeo ganhou enorme repercussão, evidenciada pelo seu destaque também em canais de televisão. Neste sentido, buscou-se compreender as teorias construídas por diferentes pessoas para o que estavam vendo naquelas imagens. Assim, a análise se centrou nos comentários de leitores sobre o vídeo, de modo que foram alocadas em quatro categorias preestabelecidas, com base nas concepções de responsabilidade elencadas por Yves Lenoir: senso comum, internalista, externalista (forte) do eu profundo e externalista fraca. Como resultados, evidenciou-se uma visão de responsabilidade majoritariamente centrada na mãe e na incapacidade da criança de distinção sobre o que é aceitável socialmente. Paradoxalmente, embora se considere a incapacidade da criança para esta distinção, os comentários defendem sanções à mesma. Outra representação, embora menos presente, é a denominada externalista fraca, na qual o aluno deve igualmente receber uma sanção, mas que também se orienta pela autocorreção e a autotransformação, em uma perspectiva social inter-relacional. Para superar esse impasse ético é preciso que o ser humano – professores, alunos, pais e leitores –, desenvolva em suas experiências a aprendizagem ética (Josep Maria Puig).
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