Educação física escolar, esportes e normalização: o dispositivo de gênero e a regulação de experiências corporais
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v19n3a2854Palavras-chave:
Educação física escolar, Gênero, Homossexualidades, NarrativasResumo
As práticas da educação física escolar podem contribuir para a marcação social de diferenças baseadas no gênero e na sexualidade e hierarquizar os sujeitos a partir da atribuição de critérios como macho/fêmea, masculino/feminino e heterossexual/homossexual. Com o aporte dos estudos de inclinação pós-estruturalista e teoria queer problematizamos como as normas de gênero regulam suas intervenções pedagógicas a partir da implementação dos conteúdos esportivos. Por meio de entrevistas semiestruturadas, geramos narrativas sobre experiências de homossexuais quando cursaram aulas de educação física na educação básica. Os resultados permitem inferir que os esportes são comumente inseridos nas aulas dentro de um modelo de rendimento, competitividade e exclusão baseados na ótica do gênero. Essa inserção carrega valores de inferiorização do considerado como feminino e estigmatização de homens que não performatizam o ideal de masculinidade e virilidade preconizado por algumas práticas esportivas.
Palavras-chave: Educação física escolar. Gênero. Homossexualidades. Narrativas.
Downloads
Referências
Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
Butler, J. Problemas do gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
Butler, J. Cuerpos que importan: sobre los limites materiales y discursivos del sexo. 2.ed. Buenos Aires: Paidós, 2008.
Córdoba, D.; Sáez, J.; Vidarte, P. (Org.). Teoria queer: políticas bolleras, maricas, trans, mestizas. 2.ed. Barcelona: Egales, 2005.
Foucault, M. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2002.
Foucault, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 40.ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
Halberstam, J. Masculinidad femenina. Barcelona: Egales, 2008.
Laqueur, T. A invenção do sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2001.
Moraes e Silva, M. Escola e educação física: maquinaria disciplinar, biopolítica e generificante. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.34, n.2, p.343-357, 2012.
Nicholson, L. Interpretando o gênero. Estudos Feministas, v.8, n.2, p.9-41, 2000.
Patton, M. Qualitative evaluation and research methods. London: Sage, 1990.
Preciado, B. Multidões queer: notas para uma política dos anormais. Estudos Feministas, v.19, n.1, p.11-20, 2011.
Renold, E. All they ve got on their brains is football: Sport, masculinity and the gendered practice of the playground relations. Sport, Education and Society, v.2, n.1, p.5-23, 1997.
Ribeiro, A.I.M. A educação feminina durante o século XIX: o Colégio Florence de Campinas 1863-1889. 2.ed. Campinas: Unicamp, 2006.
Salles-Costa, R. et al. Gênero e prática de atividade física de lazer. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.2 (Supl.), p.S325-S333, 2003.
Silveira, R. Esporte, homossexualidade e amizade: estudo etnográfico sobre o associativismo no futsal feminino. 2008. Dissertação (Mestrado) - Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
Soares, C.L. Educação física: raízes européias e Brasil. 4.ed. Campinas: Autores Associados, 2007.
Sousa, E.S.; Altmann, H. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos CEDES, ano 19, n.48, p.52-68, 1999.
Vidiella, J. et al. Masculinidad hegemônica, deporte y actividad física. Movimento, v.16, n.4, p.93-115, 2010.
Welzer-Lang, D. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Estudos Feministas, v.19, n.2, p.460-482, 2001.