Reforma do Ensino Médio: retrocesso nas políticas educacionais brasileiras | High School Reform: Setback in Brazilian Educational Policies
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v25e2020a4586Palavras-chave:
Estratégias de resistência. Formação de professores. Reforma empresarial da educação.Resumo
O presente artigo é um ensaio que tem por objetivo refletir o contexto da reforma do Ensino Médio, implantada no Brasil por meio da Lei n°13.415/2017 e os seus impactos na formação docente, visando levantar discussões, estudos, diálogos e evidências que possam levar à reflexão acerca das políticas de formação dos professores vinculadas ao modelo de gerenciamento empresarial que vem sendo recentemente aplicado à educação. Constata-se, neste estudo, que essas políticas reformistas não estão comprometidas com a luta dos trabalhadores da educação e não propõem uma qualidade social. A reforma do Ensino Médio é vista neste estudo como um mecanismo de reprodução quando analisada à luz dos referenciais teóricos de Bourdieu e Passeron. Apontam-se, ainda, encaminhamentos que busquem o fortalecimento das estratégias de resistência dos profissionais docentes e a constante luta em prol do compromisso com as classes populares e/ou com quem precisar fazer uso da Educação Pública brasileira. A pesquisa se inspira na investigação temática, embasada em Freire, que se caracteriza pela leitura e análise crítica da realidade, bem como pela elaboração de propostas de ação, considerando que as políticas de formação docente deverão partir das necessidades dos educadores e da leitura crítica da realidade, a fim de que estes possam construir uma trajetória emancipatória, num processo permanente de reflexão-ação-reflexão.
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