Ensino fundamental de nove anos
a emergência de um novo aluno?
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v18n1a1901Palavras-chave:
Emergência, Governamento, InfânciaResumo
Este trabalho analisa o Ensino Fundamental de nove anos como uma política pública para a educação, reconhecendo a escolarização obrigatória da criança de seis anos no Ensino Fundamental como uma forma de governamento. As escolhas metodológicas para a realização do trabalho inserem-se na linha de pesquisa dos Estudos Culturais, em sua vertente pós-estruturalista. Apresenta-se uma discussão sobre a infância e a sua escolarização, problematizando-se os discursos postos em circulação nas publicações do Ministério da Educação e examinando-se como os saberes visibilizados pelos documentos legitimam propostas educacionais. Discute-se que a emergência dos alunos de seis anos no Ensino Fundamental ocorre por meio do governamento dessa população infantil, que se torna escolar num sistema obrigatório de ensino e, com isso, alunos oficiais.
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