O lugar das crianças de seis anos no ensino fundamental de nove anos
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v17n1a247Palavras-chave:
Ensino fundamental de nove anos, Governamento, InfânciaResumo
O objetivo deste texto é discutir como o Ensino Fundamental de nove anos está inserido em práticas de governamento da infância e, ainda, como essas práticas possibilitam outro lugar escolar para as crianças de seis anos, a partir da noção de governamentalidade desenvolvida por Michel Foucault. Para tal, foram utilizados alguns documentos que tratam da política de Ensino Fundamental de nove anos elaborados pelo Ministério da Educação e pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e matérias jornalísticas que foram publicadas sobre o assunto no período mais intenso da implementação dessa política (2005-2008). Neste texto, tematiza-se o lugar das crianças de seis anos no Ensino Fundamental, procurando mostrar que, com o deslocamento das crianças de seis anos para o Ensino Fundamental, ocorre um esmaecimento de fronteiras entre os dois níveis educacionais e que tal deslocamento pode estar provocando a produção de um sujeito aluno de seis anos.
Downloads
Referências
Bauman, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ensino fundamental de nove anos: orientações gerais. Brasília: MEC, 2004.
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ampliação do ensino fundamental para nove anos: 3º relatório do programa. Brasília: MEC, 2006.
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Perguntas mais freqüentes e respostas do departamento de políticas educacionais. Brasília: MEC, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/ensfund9_perfreq.pdf>. Acesso em: 18 maio 2007.
Foucaul, M. O sujeito e o poder. In: Dreyfus, H.; Rabinow, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p.231-249.
Foucaul, M. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008.
Gouveia, M.C.S. Tempos de aprender: a produção histórica da idade escolar. Revista Brasileira de História da Educação, n.8, p.265-288, 2004.
Lloret, C. As outras idades ou as idades do outro. In: Larrosa, J.; Lara, N.P. (Org.). Imagens do outro. Petrópolis: Vozes, 1998. p.13-23.
Narodowski, M. Infância e poder: conformação da pedagogia moderna. Bragança Paulista: USF, 2001.
Tofóli, D. Aos seis anos, crianças encaram escola puxada. Folha online, 16 jul. 2007. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u312165.shtml>. Acesso em: 30 ago. 2007.
Veiga-Neto, A. Michel Foucault e educação: há algo de novo sob o sol? In: Veiga-Neto, A. (Org.). Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre: Sulina, 1995. p.9-56.
Veiga-Neto, A. De geometrias, currículo e diferenças. Educação & Sociedade, v.23, n.79, p.163-186, 2002.
Veiga-Neto, A. Foucault e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Veiga-Neto, A. Dominação, violência, poder e educação escolar em tempos de Império. In: Rago, M.; Veiga-Neto, A. (Org.). Figuras de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p.13-43.