PRESS RELEASE - Surdez e invisibilidade: a educação de meninas surdas do século XIX no Brasil
*Cássia Geciauskas Sofiato e Roni Cleber Dias de Menezes
O artigo explora a precariedade da educação das meninas surdas no Brasil do século XIX, tanto em função da intermitência das iniciativas quanto da rarefação de estudos sobre a temática. Para tanto, investiga-se a instrução oferecida pelo Imperial Instituto de Surdos-Mudos, primeiro e único estabelecimento oficial de ensino destinado a educação de surdas/os no período.
O trabalho lança um olhar necessário para a pouco conhecida história da educação das crianças e jovens do sexo feminino surdas no Brasil ao tempo do Segundo Reinado e contribui para recriar uma possível trama em que se acessa as representações entre parcelas da elite social e letrada brasileira do período acerca da legitimidade e dos signos que acompanham a preocupação educacional com o público em tela.
O artigo Dupla invisibilidade: a educação de meninas surdas do século XIX no Brasil é de autoria de Cássia Geciauskas Sofiato e Roni Cleber Dias de Menezes, professores da Faculdade de Educação da USP, e foi produzido a partir do exame de fontes variadas, como o Almanak Laemmert, relatórios dos diretores do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, relatórios dos comissários do governo, mapas escolares e programas de ensino. A pesquisa foi realizada no decorrer de 2021, com uma abordagem qualitativa, em continuação às investigações dos autores acerca da comparação da instrução oferecida às meninas surdas em relação a essa mesma população do sexo masculino e destes em relação à instrução para o ensino comum em nível primário.
O levantamento e análise das fontes e o seu cruzamento com a literatura especializada possibilitou aos autores concluir que a educação oferecida às meninas surdas no Brasil no século XIX atravessou sorte variada de infortúnios, desde instalações precárias, ausência de mestras e auxiliares de ensino, rarefação de materiais de ensino, todos esses emoldurados pelo estigma que acompanhava a pessoa com deficiência, especialmente no caso das mulheres, não vistas como público para quem o ensino fosse prioridade, dada sua missão social precípua de mãe e guardiã dos lares.
A pesquisa é uma contribuição ao estudo de um segmento bastante invisibilizado na história da educação brasileira e que, dentro de suas potencialidades, possa favorecer outros investimentos da área.
Confira o artigo na íntegra em: https://doi.org/10.24220/2318-0870v26e2021a5431
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Leia mais:
Sofiato, C. G. A educação de surdos no século XIX: currículo prescrito e modelo de educação. Cadernos de Pesquisa, v. 25, n. 2, p. 207-224, 2018.
Hilsdorf, M. L. S.; Menezes, R. C. Constituição dos espaços de educação feminina em São Paulo: poderes coercitivos e resistências. Revista Cultura Artística, v. 3, n. 2, p. 45-55, 2010.
Links externos:
Faculdade de Educação da USP- http://www4.fe.usp.br/
Periódico disponível em: https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/issue/view/407
https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/5431/3327
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*Cássia Geciauskas Sofiato
*Roni Cleber Dias de Menezes
*Docentes e pesquisadores da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Paulo, SP, Brasil. E-mail: <cassiasofiato@usp.br>.