O debate sobre a participação no planejamento urbano no Brasil contemporâneo 1 | The discussion about participation in urban planning in contemporary Brazil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0919v17e2020a4488

Palabras clave:

Institucionalização. Participação. Planejamento urbano.

Resumen

O processo de democratização do Brasil produziu inovações que envolveram o protagonismo dos movimentos sociais e depois a institucionaliza­ção das formas participativas. Assim perdeu-se a perspectiva da posição polar “representação x participação” porque esta passou a ocupar lugar de destaque no governo representativo. No âmbito do planejamento urbano, o Movimento Nacional pela Reforma Urbana teve ação destacada ao inscrever um capítulo inédito na Constituição, depois regu­lamentado no Estatuto da Cidade, sob o emblema da “gestão democrática da cidade”. Os fatores de êxito do planejamento participativo indicam três variáveis complementares a serem avaliadas: capa­cidade organizativa da sociedade civil; conduta do governo de turno; e a forma como a legislação trata a participação. A análise do caso brasileiro revela a multiplicação formal de instrumentos participati­vos no campo do planejamento (planos diretores, conferências setoriais, audiências e consultas públicas, conselhos nos três níveis de governo etc.), no entanto, a observação empírica e a literatura revelam escassos avanços na efetiva capacidade de democratizar decisões.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Jefferson Oliveira Goulart, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

Pós-doutorado em sociologia urbana pela Universidad Complutense de Madrid (UCM), doutorado e mestrado em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Departamento de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP), pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) e líder do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Urbano Contemporâneo (CNPq). Currículo completo disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4796359U8>.

Citas

ALONSO, A. As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate. Lua Nova, n. 76, p. 49-86, 2009.

AVELINO, D. P. Cidade e cidadania: considerações sobre a gestão democrática na política urbana brasileira. In: COSTA, M. A. (org.). O Estatuto da Cidade e a Habitat III: um balanço de quinze anos da política urbana no Brasil e a Nova Agenda Urbana. Brasília: IPEA, 2016. p. 131-157.

AVRITZER, L. Instituições participativas e desenho institucional: algumas considerações sobre a variação da participação no Brasil democrático. Opinião Pública, v. 14, n. 1, p. 43-64, 2008.

BRANDÃO, L. C. Os movimentos sociais e a Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988: entre a política institucional e a participação popular. 2011. 328 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

BRASIL. Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos: Lei nº. 10.257, de 10/7/2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2001. Disponível em: http://planodiretor.saolourenco.sc.gov.br/leis/Estatuto%20das %20Cidades.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020.

BRASIL. Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Institui a Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social – SNPS, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2014/decreto/d8243.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.

CALDEIRA, T. P. R.; HOLSTON, J. Estado e espaço urbano no Brasil: do planejamento modernista às intervenções democráticas. In: AVRITZER, L. (org.). A participação em São Paulo. São Paulo: EdUnesp, 2004. p. 215-255.

DE LA FUENTE, J.M.R. Contra la participación: discurso y realidad de las experiencias de participación ciudadana. Política y Sociedad, v. 47, n. 3, p. 93-108, 2010.

GOULART, J. O.; TERCI, E. T.; OTERO, E. V. Desenvolvimento e planejamento urbano em cidades médias. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2017. p. 131-133.

HARVEY, D. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da administração urbana no capitalismo tardio. Espaço e Debates: Revista de Estudos Regionais e Urbanos, ano 16, n. 39, p. 48-64, 1996.

HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

LAVALLE, A. G. Após a participação: nota introdutória. Lua Nova, n. 84, p. 13-23, 2011.

LAVALLE, A. G.; VERA, E. I. A trama da crítica democrática: da participação à representação e à accountability. Lua Nova, n. 84, p. 95-139, 2011.

LAVALLE, A. G.; SZWAKO, J. Origens da política nacional de participação social: Entrevista com Pedro Pontual. Novos Estudos CEBRAP, n. 99, p. 91-104, 2014.

MANIN, B. As metamorfoses do governo representativo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 29, p. 5-34, 1995.

MARICATO, E. T. O impasse da política urbana no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 83.

MICHILES, C. et al. Cidadão constituinte: a saga das emendas populares. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

MIGUEL, L. F. Teoria democrática atual: esboço de mapeamento. BIB: Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, n. 59, p. 5-42, 2005.

PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

RENÓ, L. R. Estruturas de oportunidade política e engajamento em organizações da sociedade civil: um estudo comparado sobre a América Latina. Revista de Sociologia e Política, n. 21, p. 71-82, 2003.

ROLNIK, R. Democracia no fio da navalha: limites e possibilidades para a implementação de uma agenda de reforma urbana no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 11, n. 2, p. 31-50, 2009.

SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-1980. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SALLUM JUNIOR, B. Labirintos: dos generais à Nova República. São Paulo: Hucitec, 1996.

SANTOS, M. R. M. O sistema de gestão e participação democrática nos planos diretores brasileiros. In: SANTOS JÚNIOR, O. A.; MONTANDON, D. T. (org.). Os planos diretores municipais pós-estatuto da cidade: balanço crítico e perspectivas. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011. p. 255-279.

SANTOS, R. S. P. O poder em movimento: movimentos sociais e confronto político. Sociologia e Antropologia, v. 2, n. 3, p. 309-315, 2012.

SANTOS JÚNIOR, O. A.; MONTANDON, D. T. (org.). Os planos diretores municipais pós-estatuto da cidade: balanço crítico e perspectivas. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011. p. 27-56.

SAULE JÚNIOR, N.; UZZO, K. A trajetória da reforma urbana no Brasil. In: SUGRANYES, A.; MATHIVET, C. (ed.). Ciudades para todo@s: por el derecho a la ciudad, propuestas y experiencias. Santiago de Chile: Habitat International Coalition, 2010. p. 259-270.

SECCO. L. História do PT: 1978-2010. Cotia: Ateliê Editorial, 2011.

STEPAN, A. Os militares: da Abertura à Nova República. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

TATAGIBA, L. Relação entre movimentos sociais e instituições políticas na cidade de São Paulo: o caso do movimento de moradia. In: KOWARICK, L.; MARQUES, E (org.). São Paulo: novos percursos e atores: sociedade, cultura e política. São Paulo: Editora 34. 2011. p. 233-252.

TATAGIBA, L.; TEIXEIRA, A. C. C. Efeitos combinados dos movimentos de moradia sobre os programas habitacionais autogestionários. Sociologia e Política, v. 24, n. 58, p. 85-102, 2016.

URBINATI, N. O que torna a representação democrática? Lua Nova, n. 67, p. 191-228, 2006.

VAINER, C. B. Pátria, empresa e mercadoria: Notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano. In: ARANTES, O.; VAINER, C.; MARICATO, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 75-103.

Publicado

2020-06-15

Cómo citar

Goulart, J. O. (2020). O debate sobre a participação no planejamento urbano no Brasil contemporâneo 1 | The discussion about participation in urban planning in contemporary Brazil. Oculum Ensaios - ISSNe 2318-0919, 17, 1–17. https://doi.org/10.24220/2318-0919v17e2020a4488

Número

Sección

Artículo de Investigación