Pandemia, mobilidade ativa e ambiente urbano

Fragilidades, potencialidades das cidades e o renascimento da urbanidade

Autores

  • Roberta Consentino Kronka Mülfarth Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Tecnologia https://orcid.org/0000-0002-2309-667X
  • Paula Lelis Rabelo Albala Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, rograma de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo, Tecnologia da Arquitetura https://orcid.org/0000-0001-8624-1216
  • André Eiji Sato Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, rograma de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo, Tecnologia da Arquitetura https://orcid.org/0000-0002-9231-7077

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0919v19e2022a5144

Palavras-chave:

Ciclovias, Pedestres., Políticas Públicas, Pós-Covid19, Vulnerabilidades

Resumo

De rápida evolução e significativos impactos, a
pandemia da Covid-19 fez do Brasil um de seus
epicentros mundiais. Ao contrário de muitas cidades
ao redor do mundo, as brasileiras ainda carecem de
estratégias para garantir a saúde pública de seus
usuários. Ser privado de vivenciar a cidade e das
dinâmicas que caracterizam a urbanidade levou a
uma reflexão sobre a real importância da vida nas
cidades. Assim, o objetivo deste artigo é debater a
qualidade do ambiente urbano dentro da dinâmica
das cidades frente à pandemia do novo coronavírus,
e as respostas dadas pelas cidades a esta crise,
tendo como pano de fundo a urbanidade advinda
deste desafio. Com relação à metodologia adotada,
trata-se de artigo descritivo-reflexivo baseado em
revisão de literatura de abordagem qualitativa, além
de reflexão crítica sobre o tema. Como conclusão
principal, o artigo demonstra como a mobilidade
ativa, aliada ao urbanismo tático, podem ser fundamentais
na adaptação rápida das cidades. Ainda, ressalta
que a Política Nacional de Mobilidade Urbana,
alinhada a estratégias de infraestrutura urbana,
financiamento público, governança e disponibilização
de dados, configura-se como oportunidade
de resposta das cidades brasileiras ao contexto da
pandemia. Conclui-se que estas práticas não devem
ser adotadas somente no que tange aos aspectos
emergenciais da Covid-19. A mesma cidade que é
palco de momentos de apreensão para seus cidadãos,
pode trazer a possibilidade do antídoto, de
renascimento da urbanidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roberta Consentino Kronka Mülfarth, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Tecnologia

P

Referências

ALBALA, P. L. R. Cidades e mobilidade: a importância do caminhar. In: KRONKA MÜLFARTH, R. Repensando Ergonomia: do Edifício ao Ambiente Urbano. São Paulo: LTC Editora, 2022. Capítulo 4, p. 57-79. No prelo.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS. Sistema de Informações da Mobilidade Urbana – Simob/ ANTP: relatório geral 2017. São Paulo: ANTP, 2020.

BONACCORSI, G. et al. Economic and social consequences of human mobility restrictions under COVID-19. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 117, n. 27, p. 15530-15535, 2020. Doi: https://doi.org/10.1073/pnas.2007658117

BORGES, A.; RENNO, L. Brazilian response to Covid-19: polarization and conflict. In: FERNANDEZ, M.; MACHADO, C. (ed.). COVID-19´s political challenges in Latin America. Cham: Springer Nature, 2021. v. 1, n. 1, p. 9-22.

BLISS, L. Mapping how cities are reclaiming street space. CityLab, 2020. Disponível em: https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-04-03/how-coronavirus-is-reshaping-city-streets. Acesso em: 21 jun. 2020.

BRASIL. Lei Federal nº12.587/2012 que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no

452, de 1o de maio de 1943, e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providências, 2012. Diário Oficial da União, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm. Acesso em: 19

nov. 2018.

BRASIL. Lei Federal nº 14.000/2020 que altera a Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, para dispor sobre a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana pelos Municípios, 2020. Diário Oficial da União, 2020. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14000.htm. Acesso em: 24 jun. 2020.

BRASIL. Ministério das Cidades. Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável. Brasília:

Ministérios das Cidades, 2004. Cadernos MCidades, 6. Disponível em: http://www.capacidades. gov.br/biblioteca/detalhar/id/128/titulo/cadernos-mcidades-6---politica-nacional-demobilidade-

urbana-sustentavel. Acesso em: 19 nov. 2018.

CARERI, F. Walkscapes: o caminhar como prática estética. 2. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

DILANI, A. A new paradigm of design and health in hospital planning. Journal of World Hospitals and

Health Services, v. 41, n. 4, p.17-21, 2006

EWING, R.; HANDY, S. Measuring the unmeasurable: urban design qualities related to walkability. Journal of Urban Design, v. 14, n. 1, p. 65-84, 2009.

FRANÇA, E. Sua Majestade, a mobilidade ativa. Investir na zeladoria de vias públicas não é privilegiar o transporte individual. O Estado de São Paulo, São Paulo, ano 100, n. 33.477, 30 out. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/10/sua-majestade-amobilidade-

ativa.shtml. Acesso em: 2 nov.2020.

HALL, E. A dimensão oculta. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

HONEY-ROSES, J. et al. The impact of Covid-19 on public space: a review of the emerging questions. Journal of Cities and Health, v. 5, n. 1, p. 263-276, 2020. Doi: https://doi.org/10.1080/23748834.2020.1780074

INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de opinião pública: viver em São Paulo: pandemia. São Paulo: IBOPE, 2020. Disponível em: https://www.nossasaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2020/06/Apresentacao_ViverEmSP_EspecialPandemia_Parte2_2020_completa.pdf. Acesso em: 18 out. 2020.

JACOBS, J. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

JIANG, J.; LUO, L. Influence of population mobility on the novel coronavirus disease (COVID-19) epidemic: based on panel data from Hubei, China. Global Health Research and Policy, v. 5, n. 30, p. 1-10, 2020. Doi: https://doi.org/10.1186/s41256-020-00151-6

LAKER, L. World cities turn their streets over to walkers and cyclists. The Guardian, 11 apr. 2020.

LAMBERT, L.; PASSMORE, H. A.; HOLDER, M. D. Foundational frameworks of positive psychology: mapping well-being orientations. Canadian Psychology/Psychologie Canadienne, v. 56, n. 3, p. 311-321, 2015.

LYNCH, K. A boa forma da cidade. Lisboa: Edições 70, 2007.

LIU, L. Emerging study on the transmission of the Novel Coronavirus (COVID-19) from urban perspective: Evidence from China. Cities, v. 103, 102759, 2020. Doi: https://doi.org/10.1016/j.cities.2020.102759

MEGAHED, N. A.; GHONEIM, E. M. Antivirus-built environment: lessons learned from Covid-19 pandemic. Sustainable Cities and Societies, v. 61, n. 1, p. 1-9, 2020. Doi: https://doi.org/10.1016/j.scs.2020.102350

METROPOLITANO DE SÃO PAULO. Pesquisa Origem e Destino 2017: relatório síntese. São Paulo, 2019. Disponível em: https://transparencia.metrosp.com.br/dataset/pesquisa-origem-e-destino/resource/b3d93105-f91e-43c6-b4c0-8d9c617a27fc. Acesso em: 15 jul. 2020.

MINISTRY OF HOUSING, COMMUNITIES & LOCAL GOVERNMENT. Coronavirus (COVID-19): safer public places: urban centres and green spaces. Londres: Ministry of Housing, Communities & Local Government, 2020. Disponível em: https://www.gov.uk/guidance/safer-public-places-urbancentres-and-green-spaces-covid-19/download-this-guidance. Acesso em: 19 jul. 2020.

NATIONAL ASSOCIATION OF CITY TRANSPORTATION OFFICIALS; GLOBAL DESIGN CITIES INITIATIVE. Streets for Pandemic Response & Recovery. Nova Iorque: NACTO E GDCI, 2020.

Disponível em: https://nacto.org/wp-content/uploads/2020/07/NACTO_Streets-for-Pandemic- Response-and-Recovery_2020-07-15.pdf. Acesso em: 19 jul. 2020.

NATIONAL TRANSPORT ASSOCIATION. Enabling the City to Return to Work: Interim Mobility Intervention Programme for Dublin City. Dublin: NTA, 2020. Disponível em: https://www.nationaltransport.ie/wp-content/uploads/2020/05/Covid_Mobility_Plan_22.5.20_FA_WEB.pdf.

Acesso em: 19 jul. 2020.

NUSSBAUMER-STREIT, B. et al. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control COVID-19: a rapid review. In: Cochrane Database: Systematic Reviews, v. 1, n. 4, p. 1-45, 2020. Doi: https://doi.org/10.1002/14651858.CD013574

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Covid-19 Transport brief: re-spacing our cities for resilience. Paris: OECD, 2020. Disponível em: https://www.itf-oecd.org/sites/default/files/respacing-cities-resilience-covid-19.pdf. Acesso em: 2 nov. 2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Brasília: ONU, 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentavel. Acesso em: 19 nov. 2018.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Cobertura da ONU News sobre a Covid-19. Brasília: ONU, 2020. Disponível em: https://news.un.org/pt/events/coronavirus. Acesso em: 30 out. 2020.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Fifthy: Fourth Health Assembly: resolutions and decisions.Geneva: OMS, 2001.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Boletim Diário COVID-19 no MSP de 30 de outubro de

São Paulo: Prefeitura Municipal, 2020. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.

br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/doencas_e_agravos/coronavirus/index.

php?p=304373. Acesso em: 30 out. 2020.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS ASSENTAMENTOS HUMANOS. Diretrizes internacionais

para planejamento urbano e territorial. Nairóbi: ONU-HABITAT, 2015.

RAPOPORT, A. Human aspects of urban form: towards a man-environment approach to urban form

and design. Oxford: Pergamon Press, 1977.

SADIK-KHAN, J. Seguindo os passos. In: ANDRADE, V.; LINKE, C. (ed.). Cidades de pedestres: a

caminhabilidade no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Babilônia Cultural Editoria, 2017. Cap. 2,

p. 18-30.

SALDIVA, P. Vida urbana e saúde: os desafios dos habitantes das metrópoles. São Paulo: Contexto,

SATO, A. E. Streetscapes para São Paulo: Caminhabilidade & Ergonomia. 2021. 424 f. Dissertação

(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. Disponível

em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-20092021-115608/publico/

MEANDREEIJISATO_REV.pdf. Acesso em: 14 dez. 2021.

SISSON, P. et al. How the ‘15-Minute City’ could help post-pandemic recovery. CityLab, 2020. Disponível em: https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-04-03/how-coronavirus-isreshaping-

city-streets. Acesso em: 21 jun. 2020.

STEEMERS, K. Architecture for Well-being and Health. Daylight Architecture Magazine, v. 1, n. 23,

p. 6-29, 2015.

STEVENSON, M. et al. Land use, transport, and population health: estimating the health benefits of

compact cities. The Lancet, v. 388, n. 10062, p. 2925-2935, 2016. Doi: https://doi.org/10.1016/

S0140-6736(16)30067-8

THALER, R. H.; SUNSTEIN, C. R. Nudge: como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e

felicidade. São Paulo: Objetiva, 2019.

Downloads

Publicado

2022-09-06

Como Citar

Kronka Mülfarth, R. C. ., Albala, P. L. R., & Sato, A. E. (2022). Pandemia, mobilidade ativa e ambiente urbano: Fragilidades, potencialidades das cidades e o renascimento da urbanidade. Oculum Ensaios, 19, 1–22. https://doi.org/10.24220/2318-0919v19e2022a5144

Edição

Seção

Dossiê: Cidade em tempos de pandemia