Vantees | Vantees
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v16n3a4608Resumen
O foco do trabalho é o ser humano, em seu caminhar, observar e fazer-se presente na contemplação. O trabalho propõe a aproximação de pessoas anônimas, o estranhamento do comum e a representação no espaço-tempo da vida de outros. Fazer um recorte desse corpo manifesto que está em ação nas ruas e trazê-lo para o mesmo ambiente em que ele foi capturado faz com que a presença de sua imagem gere novos vínculos com o espaço urbano, tanto no plano estético como no social. Isso se dá por ser a rua um território em constante transformação — um espaço de liberdade, que deve ser consumido, explorado e manifestado. É um ambiente onde é preciso que se esteja presente para haver alguma alteração. Ele estando vazio, gera uma ausência, e é exatamente essa ausência que gera um espaço passível de apropriação. A manifestação urbana ajuda a construir esse território. A expressividade cotidiana dos transeuntes da cena urbana é captada e impressa em tamanho real para compor cenários sugestivos que definem a essência do trabalho. Essas imagens incitam as pessoas nas ruas a questionar sua presença na ausência de um corpo-não-corpo, estabelecendo vínculos simbólicos na apropriação do espaço e do tempo da vida anônima. Abrem portas para mundos perceptivos novos, criam novos olhares e ampliam o horizonte, deixando a informação de sua presença em sua ausência. Assim, essas interferências urbanas convidam o expectador a uma fuga de seu próprio corpo. A face oculta do anônimo e a iconofagia1 das imagens (ora as imagens devoram os homens e ora estes as devoram), muitas vezes simultaneamente, criam conexões entre a imagem reproduzida e a inserida no espaço urbano com seus transeuntes reais.