Estudo de alguns fatores de risco para a presença de mecônio no líquido amniótico
Palabras clave:
complicações na gravidez, liquido amniotico, meconioResumen
Introdução
A incidência de mecônio no líquido amniótico é de 8% a 25% das gestações. Existe um consenso de que sua presença no líquido amniótico pode comprometer o ciclo gravídico puerperal, aumentando a morbidade e a mortalidade materno -fetal. A etiologia de tal evento não é totalmente conhecida. Alguns autores acreditam ser um fenômeno fisiológico, ao passo que para outros o fenômeno ocorre em razão de hipóxia fetal, e um terceiro grupo acata as duas teorias.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi identificar fatores relacionados com a presença de mecônio no líquido amniótico.
Método
Assim realizou-se um estudo retrospectivo com pacientes de baixo risco assistidas no Hospital e Maternidade Celso Pierro, no período de janeiro a dezembro de 1998. Analisaram-se 3158 prontuários e obteve-se uma amostra final de 465 gestantes que foram classificadas em dois grupos de acordo com a presença de mecônio. O mecônio estava presente no líquido amniótico em 83 mulheres e ausente em outras 382. Utilizaram-se para a análise estatística métodos de Regressão Logística uni e multivariada e Stepwise. Considerou-se um p<0,05 como nível de significância.
Resultados
Como resultado observou-se que a idade das mulheres, paridade, número de consultas de pré-natal, peso ao nascer e peso placentário não tiveram associação com a ocorrência de mecônio. Entretanto, a idade gestacional e as alterações dos batimentos cardíacos fetais alteraram, de maneira significante, tal ocorrência. Com o avanço da idade gestacional a chance da presença de mecônio no líquido amniótico aumentou 1,3 vezes a cada semana. Foi encontrado que a chance de mecônio no líquido amniótico foi 5,4 vezes maior quando os batimentos cardíacos fetais eram anormais.
Conclusão
Os resultados deste estudo sugerem que a idade materna, paridade, número de consultas pré-natais, peso ao nascer e peso placentário não são fatores de risco para a passagem de mecônio. Por outro lado, o aumento da idade gestacional e as alterações dos batimentos cardíacos fetais mostraram-se como fatores estatisticamente significantes para a passagem de mecônio.
Descargas
Citas
Mvumbi L, Manei EA, Ulmer RD, Shah AK. Decreased placenta! and umbilical cord glycogen leveis associated with meconium-stained amniotic fluid. Placenta 1998; 19(4):295-9.
Piper JM, Newton ER, Berkus MD, Peairs WA. Meconium: a marker for peripartum infection. Obstet Gynecol 1998; 91(5 Pt 1):741-45.
Houlihan CM, Knuppel RA. Meconium-stained amniotic fluid: current controversies. J Reprod Med 1994; 39(11 ):888-98.
Rezende J, Orlandi OV. O feto. ln: Rezende J. Obstetrícia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1982. p.56-74
Katz VL, Bowes WA Jr. Meconium aspiration syndrome: reflections on a murky subject. Am J Obstet Gynecol 1992;166 (1 Pt 1):171-183.
Benny PS, Malani S, Hoby MA, Hutton JD. Meconium Aspiration: role of obstetric factors and suction. Aust NZ Obstet Gynaecol; 1987; 27:36-9.
Cleary G M, Wiswel TF. Meconium-stained amniotic fluid and the meconium aspiration syndrome na update. Pediatr Clin N Am 1998; 45(3):511-29.
Spencer JAD. lntrapartum fetal monitoring. ln: Edmonds K. Dewhurst's Text book of Ostetrics and Gynaecology for Postgraduates. 6th. London: Blackwell Science; 1999. p.259-76
Penny C, Patrick D. lnhibition of neutrophil oxidative burst and phagocytosis by meconium. Am J Obstet Gynecol 1995; 173:1301-5.
Altshuler G, Hyde S. Meconium-induced vasocontraction: a potential cause of cerebral an other fetal hispoperfusion and of poor pregnancy outcome. F Child Neurol 1989; 4(2):137-42.
Miyadahira S, Zugaib M. Cardiotocografia. ln: Cha SC, Zugaib M. Medicina fetal. São Paulo: Atheneu; 1993. p.77-80.
Miyadahira S. Avaliação da vitalidade fetal. ln: Neme B. Patologia da gestação. São Paulo: Sarvier; 1998. p.406-27 .
Porto AGM, Marra AR, Souza JALJr, Achilles RB, Rodrigues JLT, Mizobuchi CC. Evolução obstétrica em mulheres portadoras do Vírus da Deficiência Humana do Tipo 1. RBGO 1996; 18:305-4 .
Bertuol M, Oliveira C, Pereira-Lima C, Pereira-Luz N. Incidência e significado da presença de mecônio de pacientes atendidas em um hospital assistencial do INAMPS. RBGO 1989; 08: 153-56.
Karinieme V, Harrela M. Significance of meconium staining of the amniotic fluid. J Perinat Med 1990; 18(5):345-9.
Mayes T, Reid J. Meconium staining: is it related to maternal smoking? J Ky Med Assoe 1994; 92(10):401-5.
Grecory C S. Correlation of meconiun-stained amniotic fluid, early intrapartum fetal ph, and Apgar scores as predictors of perinatal outcome. Obstet Gynecol 1980; 56(5):604-9 .
Capurro H, Konichezky S, Fonseca D, Caldeyro-Barcia R. A simplified method for diagnosis of gestational age in the newborn infant. J Pediatr 1978; 93:120-2.
Elisabeth K Watanabe. Evolução cronológica do concepto: duração da prenhez. ln: Neme B. Obstetrícia básica. São Paulo: Sarvier; 2000.p. 66-9.
Battaglia FC, Lubchenco LO. A practical classification of newborn infants by weight and gestational age. J Pediatr 1967; 71 (2): 159-63.
Bochner CJ, Medearis A, Ross MG, Oakes GK, Jones P, Hobel JC, et ai. The role of antepartum testing in the management of pos-term pregnancies with heavy meconium in early labor. Obstet Gynecol 1987; 69(6):903-7.
Bittar RE, Zugaib M. Crescimento intra-útero retardado. ln: Neme, B. Patologia da gestação. São Paulo: Sarvier; 1998. p.49-58.
Usher RH, Boyd ME, Mclean FH, Kramer MS . Assessment of fetal risk in postdate pregnancies. Am J Obstet Gynecol 1988; 158:259.
Eden RD, Seifert LS, Winegar A, Spellacy WN. Perinatal characteristics of uncomplicated postdate pregnancies. Obstet Gynecol 1987; 69(3):296-9.
Steer PJ, Eigbe F, Lissauer TJ, Beard RW. lnterrelationships among abnormal cardiotocograms in labor, meconium staining of the ammniotic fluid, arterial cord blood ph, and Apgar scores Obstet Gynecol 1989; 7 4(5):715-21.
Alexander GR, Hulsey TC, Robillard PY, De Caunes F, Papiernik E. Determinants of meconium-stained amniotic fluid in term pregnancies. J Perinatol 1994; 14(4):259-63.
Berkus MD, Langer O, Samueloff A, Xenakis EM, Field NT, Ridgway LE. Meconium-stained amniotic fluid: increased risk adverse neonatal outcome. Obstet Gynecol 1994; 84(1 ): 115-20.
Hofmeyr GJ. Amnioinfusion for meconium-stained liquor I labour (Cochrane Review). The Cochrane Library; 2002; lssue 3.
