Aspectos antropométricos, bioquímicos e sintomatológicos em mulheres com tuberculose pulmonar

Autores

  • Carla Ribeiro Nogueira
  • Gabriela Villaça Chaves
  • Michelle Teixeira Teixeira
  • Carlos Antônio da Silva Franc
  • Andréa Ramalho

Palavras-chave:

avaliação nutricional, desnutrição protéico-energética, tuberculose pulmonar

Resumo

Objetivo

Avaliar a existência de desnutrição energético-protéica em pacientes do sexo feminino com tuberculose pulmonar e correlacionar com dados antropométricos, bioquímicos e sintomatologia.

Métodos

Foram avaliados, no período de quatro meses, pacientes do sexo feminino internados com diagnóstico de tuberculose pulmonar no Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras, Rio de Janeiro. Foram calculados índices de massa corporal, circunferência muscular do braço e contagem total de linfócitos. Foram investigados os principais sinais e sintomas da doença na internação.

Resultados

De 31 pacientes estudadas, 61,3% tinham desnutrição energético-protéica e, pela circunferência muscular do braço, 71,0% dos pacientes apresentavam depleção de massa magra. Houve correlação significativa dos índices de massa corporal com contagem total de linfócitos (p=0,007) e com a circunferência muscular do braço (p<0,0001), e da circunferência muscular do braço com a contagem total de linfócitos (p=0,005). Houve diferença estatisticamente significativa (p<0,05) quando se comparou a presença de dispnéia, hemoptise e hiporexia entre os eutróficos e desnutridos.

Conclusão

Os resultados deste estudo sugerem forte associação da tuberculose pulmonar com a desnutrição energético-protéica, em que os sintomas como a dispnéia, hemoptise e hiporexia podem ser co-fatores para o agravamento da tuberculose pulmonar. Tais achados demonstram necessidade de maior atenção ao consumo alimentar das pacientes portadoras de tuberculose pulmonar, de modo a reverter ou minimizar o quadro de desnutrição energético-protéica diagnosticado na internação e melhorar a sobrevida destas pacientes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. Practical guidelines for tuberculosis contrai. World Health Organization, the lnternational Union against Tuberculosis and Lung Disease, and the Centers for Disease Contrai, USA. Nurs RSA. 1993; 8(8):23,26-8.

Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose: guia de vigilância epidemiológica/elaborado pelo Comitê Técnico-Científico de Assessoramento à Tuberculose e Comitê Assessor para Co-infecção HIV-Tuberculose. Brasília Fundação Nacional de Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). Taxa de incidência de tuberculose por todas as formas. Brasília: Secretaria da Saúde. Departamento de Informação e Comunicação em Saúde; 2001.

Brasil. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Controle da Tuberculose. Brasília: Fundação Nacional de Saúde; 1999.

Rieder HL. Epidemilogic basis of tuberculosis contrai. Paris: lnternational Union against Tuberculosis and Lung Disease; 1999.

World Health Organization. Gender and tuberculosis. ln Global Tuberculosis Contrai. Geneva: WHO; 2003.

Tindó H, Cesar Cavalcante S, Werneck-Barroso E. Gender differences in tuberculosis in Rio de Janeiro, Brazil. lnt J Tuberc Lung Dis. 2004; 8(3):388-90.

Natalizi DA. Associação entre deficiência de vitamina A e tuberculose pulmonar grave [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro; 2003.

Silva GA. Da influência dos climas sobre o desenvolvimento da tísica pulmonar: quais as condições higiênicas mais favoráveis ao tratamento desta moléstia? [tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Medicina; 1879.

O. Dias MR. Da tuberculose e o casamento [tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Medicina; 1907.

Ramachandran G, Santha T, Garg R, Baskaran D, lliayas SA, Venkatesan P. et ai. Vitamin A leveis in sputum­ positive pulmonary tuberculosis patients in comparison with household contacts and healthy "normais". lnt J Tuberc Lung Dis. 2004; 8(9):1130-3.

Macallan DC. Malnutrition in tuberculosis. Diagn Microbial lnfect Dis. 1999; 34(2) 153-7.

Schwenk A, Macallan DC. Tuberculosis, malnutrition and wasting. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2000; 3(4):285-91.

van Lettow M, Kumwenda JJ, Harries AD, Whalen CC, Taha TE, Kumwenda N, et ai. Malnutrition and the severity of lung disease in adults with pulmonary tuberculosis in Malawi. lnt J Tuberc Lung Dis. 2004; 8(2):211-7.

Whalen C, Okwera A, Johnson J, Vjecha M, Horn D, Wallis R, et ai. Predictors of survival in human immunodeficiency virus-infected patients with pulmonary tuberculosis. The Makerere University­-C ase Western Reserve University Research Collaboration. Am J Respir Crit Care Med. 1996; 153(6 Pt 1):1977-81.

Schwander SK, Dietrich M, Mugyenyi P, Kityo C, Okwera A, Johnson J, et ai. Clinicai course of human immunodeficiency virus type 1 associated with pulmonary tuberculosis during short-course antituberculosis therapy. East Afr Med J. 1997; 74(9):543-8.

World Health Organization. Expert Committee Physical status: The use and interpretation of anthropometry. World Health Organ Tech Rep Ser. 1995; 854:1-452.

Frisancho AR. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. Am J Clin Nutr. 1981; 34(11)2540-5.

World Health Organization. Global tuberculosis contrai. 275 Geneva: WHO; 2000.

Kritski AL, Ruffino-Netto A. Health sector reform in Brazil: impact on tuberculosiscontrai and perspectives. lnt J Tuberc Lung Dis. 2000; 4(7):622-6

Ruffino-Netto A. Tuberculosis: the negleted calamity. Rev Soe Bras Med Trop. 2002; 35(1):51-8.

Santo AH, Pinheiro CE, Jordani MS. Multiple-causes of death related to tuberculosis in the State of Sao Paulo, Brazil, 1998. Rev Saúde Pública. 2003; 37(6):714-21

Ramalho RA, Costa RS, Vieira ACRE, Silva LB, Machado FCP, Menezes SEM, et ai. Avaliação nutricional de pacientes com tuberculose pulmonar atendidos na UISHL Boi Pneumol Sanit. 2000; 8(2):13-20.

Karyadi E, Schultink W, Nelwan RH, Gross R, Amin Z, Dolmans WM, et ai. Poor micronutrient status of active pulmonary tuberculosis patients in lndonesia. J Nutr. 2000; 130(12):2953-8.

Harries AD, Nkhoma WA, Thompson PJ, Nyangulu DS, Wirima JJ. Nutritional status in Malawian patients with pulmonary tuberculosis and response to chemotherapy. Eur J Clin Nutr. 1988; 42(5):445-50.

Zachariah R, Spielmann MP, Harries AD, Salaniponi FM. Moderate to severe malnutrition in patients with tuberculosisis a risk factor associated with early death. Trans R Soe Trop Med Hyg. 2002; 96(3) 291-4

Boelaert JR, Gordeuk VR. Protein energy malnutrition and risk of tuberculosis infection. Lancet. 2002; 5;360(9339):1102.

van Crevel R, Karyadi E, Netea MG, Verhoef H, Nelwan RH, West CE, et ai. Decreased plasma leptin concentrations in tuberculosis patients are associated with wasting and inflammation. J Clin Endocrinol Metab. 2002; 87(2):758-63.

Blackburn GL, Thornton PA. Nutritional assessment of the hospitalized patient. Med Clin North Am. 1979; 63(5): 11103-15.

Pereira CAC. Nutrição em doença pulmonar obstrutiva crônica. Treatment in chronic obstructive pulmonary disease. J Pneumol. 1988; 14(1):45-54.

van Lettow M, van der Meer JW, West CE, van Crevel R, Semba RD. lnterleukin-6 and human immunodeficiency vírus load, but not plasma leptin concentration, predict anorexia and wasting in adults with pulmonary tuberculosis in Malawi. J Clin Endocrinol Metab. 2005; 90(8):4771-6. Epub 2005

May 31.

Macallan DC, McNurlan MA, Kurpad AV, Souza G, Shetty PS, Calder AG, et ai. Whole body protein metabolism in human pulmonary tuberculosis and undernutrition: evidence for anabolic block in tuberculosis. Clin Sei (Lond). 1998; 94(3):321-31.

Downloads

Publicado

2006-06-30

Como Citar

Nogueira, C. R., Chaves, G. V., Teixeira, M. T., Franc, C. A. da S., & Ramalho, A. (2006). Aspectos antropométricos, bioquímicos e sintomatológicos em mulheres com tuberculose pulmonar. Revista De Ciências Médicas, 15(4). Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/cienciasmedicas/article/view/1098

Edição

Seção

Artigos Originais