Tipologia dos municípios e a gestão das políticas públicas urbanas no federalismo brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v19e2022a4754Palavras-chave:
Federalismo, Indicadores, Regiões Metropolitanas, Tipologias MunicipaisResumo
O presente artigo apresenta e debate os critérios para enquadramentos tipológicos dos municípios brasileiros, buscando compreendê-los na perspectiva do avanço das estruturas de governança, considerando a especificidade do federalismo brasileiro, com elevado grau de autonomia das esferas federal, estadual e municipal. A partir desta análise, são apresentados os desafios de gestão e formulação de políticas públicas para grandes grupos de municípios: aqueles que constituem aglomerações de caráter metropolitano; os arranjos populacionais com mais de um município com algum grau de contiguidade e movimentos pendulares entre eles; os municípios isolados de grande e médio porte e os isolados de pequeno porte. Argumentamos que há contradições estruturais no planejamento dos quatro grandes grupos, no que tange à governança e à formulação de políticas públicas. As considerações finais enfatizam a necessidade de maior presença da esfera de governo estadual, suprindo apoio para responder à baixa capacidade institucional dos pequenos municípios, dando suporte para formação e funcionamento de consórcios, construindo uma interação efetiva entre os investimentos e decisões tomadas na esfera federal e a sua implementação nos municípios.
Downloads
Referências
ABRUCIO, F. L.; COSTA, V. M. F. Modelos federativos e o caso brasileiro: reforma do estado e o contexto federativo brasileiro. São Paulo: Konrad Adenauer, 1998.
ABRUCIO, F. L.; SANO, H. Associativismo intergovernamental: experiências brasileiras. Brasília: IABS, 2013.
ALMEIDA, M. H. T. Rescentralizando a federação? Revista de Sociologia e Política, n. 24, p. 29-40, 2005. Doi: https://dx.doi.org/10.1590/S0104-44782005000100004, 2005.
ARRETCHE, M. Federalismo e políticas sociais no Brasil: problemas de coordenação e autonomia. São Paulo em Perspectiva, v. 18, n. 2, p. 17-26, 2004.
ARRETCHE, M. Democracia, federalismo e centralização no Brasil. Rio de Janeiro: SciELO-Editora FIOCRUZ, 2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Evolução de rede urbana no Brasil: período 1970/80. Brasília: CNDU, 1985.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Desenvolvimento Regional. Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). Brasília: SDR/MI; IICA, 2003. p. 1-32. Disponível em https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblioteca/Biblioteca/pndr.pdf. Acesso em: 9 set. 2020.
CHRISTALLER, W. Central places in southern Germany. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1966.
CORRÊA, R. L. Construindo o conceito de cidade média: cidades médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão popular, 2007. p. 23-33.
COSTA, M. A. et al. Do processo de metropolização institucional à implementação do estatuto da metrópole: dois balanços, suas expectativas e incertezas. In: MARGUTI, M. A. C.; FAVARÃO, C. Brasil metropolitano em foco: desafios à implementação do Estatuto da Metrópole. Brasília: IPEA, 2018. p. 19-53. Disponivel em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/
livros/180410_brasil_metropolitano_em_foco_cap01.pdf. Acesso em: 1 fev. 2020.
CRUZ, P. D.; MORETTI, R. Ação do poder público no planejamento territorial da área rural. In: Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 16., 2015, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 2015.
DOWBOR, L. O que é poder local. Imperatriz, MA: Ética, 2016.
FAISSOL, S. Teorização e quantificação na geografia. Revista Brasileira de Geografia, v. 34, n. 1, p. 145-164, 1972.
FERNANDES, A. C.; BITOUN, J.; ARAÚJO, T. B. Tipologia das cidades brasileiras. In: Bitoun, J.; Miranda, L. (org.). Rio de Janeiro: Letra Capital, 2009. v. 2.
FRANZESE, C.; ABRUCIO, F. L. A Combinação entre Federalismo e as Políticas Públicas no Pós-1988: os resultados nas áreas de saúde, Assistência Social e Educação. In: ROCHA, M. C. G. (org.). Reflexões para Ibero-América: avaliação de Programas Sociais. Brasília: ENAP, 2009. v. 1, p. 25-42.
FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS. Multi cidades: finanças dos municípios do Brasil. Vitória, ES: Aequus Consultoria, 2017.
GEIGER, P. P. Geografia e Planejamento. Revista Brasileira de Geografia, v. 29, n. 3, 1967.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Regiões de influência das cidades. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo? view=detalhes&id=240677. Acesso em: 31 ago. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Gestão do território: redes e fluxos no território. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv86286.pdf. Acesso em: 31 ago. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Arranjos populacionais e concentrações urbanas do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. e-Book.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Caracterização e tendências da rede urbana do Brasil: configurações atuais e tendências da rede urbana. Brasília: IPEA, 2002. v. 1.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Boletim regional, urbano e ambiental. Brasília: IPEA, 2008. n. 1.
LEMOS, M. B. et al. A nova geografia econômica do Brasil: uma proposta de regionalização com base nos pólos econômicos e suas áreas de influência. In: Seminário sobre a Economia Mineira (mesa especial), 9., 2000, Diamantina. Anais [...]. Diamantina: Cedeplar/UFMG, 2000.
LOTTA, G.; FAVARETO, A. Desafios da integração nos novos arranjos institucionais de políticas públicas no Brasil. Revista de Sociologia e Política, v. 24, n. 57, p. 49-65, 2016.
MARENCO, A. Burocracias profissionais ampliam capacidade estatal para implementar políticas? Governos, burocratas e legislação em municípios brasileiros. Revista Dados, v. 60, n. 4, p. 1025-1058, 2017.
MARQUES, E. C. L. Em busca de um objeto esquecido: a política e as políticas do urbano no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 95, p. 1-18, 2017.
OLIVEIRA, V. E. A Descentralização inconclusa: a Constituição de 1988 e as fases da descentralização da saúde no Brasil. In: DINIZ, S.; Praça, S. (org.). 20 Anos de Constituição. São Paulo: Editora Paulus, 2008. p. 67-98.
OLIVEIRA, V. E.; LOTTA, G. Momentos da Recentralização: repasses e relações intergovernamentais no Brasil (1995-2014). Revista Planejamento e Políticas Públicas, n. 52, p. 437-458, 2019.
PIERSON, P. Fragmented welfare states: federal institutions and the development of social policy. Governance: An International Journal of Policy and Administration, v. 8, n. 4, p. 449-478, 1995.
PIRES, R. R. C.; GOMIDE, A. A. Governança e capacidades estatais: uma análise comparativa de programas federais. Revista de Sociologia e Política, v. 24, n. 58, p. 121-143, 2016.
RÉ, E.; OLIVEIRA, V. E. Cooperação Intergovernamental na Política de Mobilidade Urbana: o caso do consórcio intermunicipal do ABC. Urbe: Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 10, n. 1, p.111-123, 2018.
SCOTT, A. J. et al. Cidades-regiões globais. Espaço e Debates: Aliança e Competição entre Cidades, v. 1, n. 41, p. 11-25, 2001.
SPOSITO, E. S.; SPOSITO, M. E. B.; SOBARZO, O. Cidades médias: produção do espaço urbano e regional. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006.
SPOSITO, M. E. B. Cidades médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão Popular, 1, 2007.
TAYLOR, P. J.; HOYLER, M.; VERBRUGGEN, R. External urban relational process: introducing central flow theory to complement central place theory. Urbanstudies, v. 47, n. 13, p. 2803-2818, 2010.