Discutindo a lógica da autoprodução de moradias
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v10n1a1927Palavras-chave:
Autoprodução de moradias. Bairros periféricos. Lucro. Trabalhadores manuais. Uso.Resumo
O artigo apresenta a dinâmica da autoprodução de moradias, típicas de bairros periféricos de grandes metrópoles. Nessas áreas, vive uma variada e complexa classe média, fruto de sensíveis mudanças em curso na economia brasileira. Apesar de sempre terem construído e reformado suas moradias com poucos recursos, os autoprodutores são excluídos da construção formal e do contexto social para o qual arquitetos usualmente trabalham. Sem dinheiro vivo, mas com crédito aprovado, adquirem mais bens de consumo do que antes, mas continuam à margem das melhores oportunidades de educação e serviços e têm pouco ou nenhum conhecimento construtivo. Tradicionalmente, arquitetos são autores e edifícios são produtos acabados, uma lógica que não condiz com as necessidades dos autoprodutores. O trabalho dos Arquitetos da Família, desenvolvido em Belo Horizonte, entre 2008 e 2010, demonstrou que é possível aproximar arquitetos de autoprodutores populares. Ao mesmo tempo, apesar de ter avançado em relação à prática usual, a experiência revelou que o processo construtivo permaneceu dividido entre projeto, construção e uso. Os trabalhadores manuais permaneceram à margem do processo, apenas obedecendo a decisões prévias. Continuam operando como se estivessem em canteiros formais, cujo objetivo é o lucro, em situações onde o objetivo é o uso. Este artigo discute e questiona se é possível imaginar esquemas de trabalho que de fato integrem arquitetos, usuários e trabalhadores da construção na autoprodução de moradias.
PALAVRAS-CHAVE: Autoprodução de moradias. Bairros periféricos. Lucro. Trabalhadores manuais. Uso.
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