Morro do Castelo e dois discursos
O arrasamento de um marco
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v22e2025a10191Palabras clave:
Espaço e lugar, Modernidade, Transformação urbanaResumen
Durante muitos anos o Morro do Castelo tem sido retratado em diversos trabalhos, sendo parte destes a respeito de seu total desmonte ocorrido a partir dos anos 1920. As questões que se discutirão aqui abordarão não só as heranças que trazemos da história, mas, sobretudo, sua importância na formação das cidades e de uma memória coletiva construída pela vivência cidadã através dos séculos. O presente trabalho, além de abrir um olhar para as implicações históricas inerentes, e ainda entender a necessidade, à época, de se tomar providências com vistas ao saneamento da cidade, pretende iluminar e colecionar outras questões, além das mais que conhecidas higienistas, vacinação coletiva, modernização, surgidas ainda nos finais do século XIX. Essas questões, subjacentes temporais ao desmonte do Morro do Castelo consolidaram em seu conjunto as condições necessárias ao seu futuro arrasamento, somando-se ainda a um provável uso político do estado de fragilidade da população em meio às epidemias do começo do século XX na cidade, além de possíveis apropriações e especulações financeiras sobre os imóveis e áreas centrais, com vistas a uma supervalorização destes, como futuros empreendimentos na esplanada a ser criada com a realização do desmonte.
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