Uma revisão das ações de nutrição e do papel do nutricionista em creches

Autores/as

  • Rita Maria Monteiro GOULART Universidade São Judas Tadeu
  • Maria Luiza Sampaio BANDUK Universidade São Judas Tadeu
  • José Augusto de Aguiar Carrazedo TADDEI Universidade Federal de São Paulo

Palabras clave:

Alimentação, Creche, Criança, Nutricionista

Resumen

As creches são uma realidade na vida de grande parcela das crianças brasileiras em idade pré-escolar, sendo que nelas permanecem por um longo período. A demanda por esse serviço tende a aumentar com a participação cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho. Assim o objetivo desse estudo foi revisar a literatura publicada a partir de 1998, disponível nas bases de dados MedLine, SciELO, Lilacs e Science Direct. Foram selecionados artigos de estudos experimentais, revisão bibliográfica, livros, teses e boletins de comitês de saúde, sobre as ações desenvolvidas em creches no contexto atual das crianças brasileiras e sobre a atuação do nutricionista nesta instituição. A pesquisa revelou a dualidade vivida pelos educadores entre o cuidar e o educar. Destaca a importância da instituição na formação de hábitos alimentares e discute a necessidade de aprofundamento nas questões ligadas à educação alimentar, no sentido de proporcionar à criança o conhecimento e a autonomia na escolha de alimentos. Entre as principais carências nutricionais apresentadas pelas crianças frequentadoras de creches públicas destaca-se a anemia ferropriva, sendo que a alimentação oferecida nas creches tem mostrado deficiências de cálcio, ferro, vitamina A, fibras e energia. Finalmente, apresenta os principais desafios do nutricionista neste segmento e a necessidade de sua constante atualização sobre o quadro epidemiológico da nutrição para as faixas etárias que atende, bem como as prioridades estabelecidas pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição vigente e normas emitidas pelos órgãos de referência para esta área. Ao nutricionista cabe considerar, além das necessidades nutricionais da criança, o viés educativo e de formação de hábitos alimentares.

Citas

Barros AJD, Gonçalves EV, Borba CRS, Lorenzatto CS, Motta DB, Silva URL, et al. Perfil das creches de uma cidade de porte médio do sul do Brasil: operação, cuidados, estrutura física e segurança. Cad Saúde Pública. 1999: 15(3):597-604.

MacClowry S, Passnnante MR, Gilbride JÁ, Brueniing KS. Dietary intake and health outcomes among young children attending 2 urban day-care centers. J Am Diet Assoc. 1999; 99(12):1529-35.

Barbosa RMS, Soares EA, Lanzilloti HS. Avaliação da ingestão de nutrientes de crianças de uma creche filantrópica: aplicação do consumo dietético de referência. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2007: 7(2):159-66.

Coletta F, Moran J, Cox DR, Morris M, Boundes KS, Carruth BR, et al. Longitudinal study of nutrien and food intakes of white preschool children age 24 to 60 months. J Am Det Assoc. 1999: 99(12): 1514-21.

Matta IEA, Veiga GV, Baião MR, Santos MMAS, Luiz RR. Anemia em crianças menores de cinco anos que frequentam creches públicas do município do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Saúde Matern Infan. 2005; 5(3):349-57.

Konstantyner T, Taddei JAAC, Palma D. Fatores de risco de anemia em lactentes matriculados em reches públicas ou filantrópicas de São Paulo. Rev Nutr. 2007; 20(4):349-59. doi: 10.1590/S1415-52732007000400002.

Menezes RCE, Osorio MM. Consumo energéticoprotéico e estado nutricional de crianças menores de cinco anos, no Estado de Pernambuco, Brasil. Rev Nutr. 2007; 20 (4):337-47. doi: 10.1590/S1415-52732007000400001.

Teixeira-Palombo CN, Fujimori E. Conhecimentos e práticas de educadoras infantis sobre anemia. Rev Bras Saúde Matern Infan. 2006: 6(2)209-16.

Veríssimo MDLOR, Fonseca RMGS. O cuidado da criança segundo trabalhadoras das creches. Rev Latin Am Enfermagem. 2003; 11(1):28-35.

Alves RCP, Veríssimo MSLOR. Os educadores de creche e o cotidiano entre cuidar e educar. Rev Bras Cresc Desenvol Hum. 2007; 17(1):13-25.

Dorigo HMG, Nascimento MIM. As concepções históricas sobre as crianças pequenas: subsídios para pensar o futuro. Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná; 2007.

Rossetti-Ferreira MC, Amorim KS, Vitória T. A creche enquanto contexto possível de desenvolvimento da criança pequena. Rev Bras Cresc Desenvolv Hum. 1994; 4 (2):35-40.

Amorim KS, Yazlle C, Ferreira MCR. Saúde e doença em ambientes coletivos de educação da criança de 0 a a 6 anos. Anais da 22ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação. Ribeirão Preto: USP; 1999.

Alves RCP, Veríssimo MSLOR. Os educadores de creche e o cotidiano entre cuidar e educar. Rev Bras Cresc Desenvol Hum. 2007; 17(1):13-25.

Maranhão DG. Sarti CA. Cuidados compartilhados: negociações entre famílias e profissionais em uma creche. Interface. 2007; 11(22):257-70.

Sayão R, Aquino JG. Em defesa da escola. Campinas: Papirus; 2004.

Kuhlmann Junior M. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

Craidy CM, Kaercher GES. Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed; 2001.

Oliveira MN, Brasil ALD, Taddei JAAC. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Cienc Saúde Coletiva. 2008; 13(3):1051-60.

Bogus CM, Nogueira-Martins MCF, Moraes DEB, Taddei JAAC. Cuidados oferecidos pelas creches: percepções de mães e educadoras. Rev Nutr. 2007: 20(5):449-514. doi: 10.1590/S1415-52732007000500006.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional de educação infantil. Brasília: MEC; 1998.

Sarat M. Formação profissional e educação infantil: uma história de contrastes. Rev Guairacá. 2001; 17:135-1.

Cruz SH. Reflexões acerca da formação do educador infantil. Cad Pesq. 1996; 97:78-89.

Maranhão DG. O processo saúde-doença e os cuidados com a saúde na perspectiva dos educadores infantis. Cad Saúde Pública. 2000; 16(4):1143-8.

Barros FC, Victora CG. Epidemiologia da saúde infantil: um manual para diagnósticos comunitários. 3ª ed. São Paulo: Hucitec; 1998.

Bueno MB, Marchioni DML, Fisberg RM. Evolução nutricional de crianças atendidas em creches públicas no município de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Pública. 2003; 14(3):165-70.

Amaral MFM, Morelli V, Pantoni RV, Rossetti-Ferreira MC. Alimentação de bebês e crianças pequenas em contextos coletivos: mediadores, interações e programações em educação infantil. Rev Bras Cresc Desenv Hum. 1996; 6(1/2):19-33.

Segall-Côrrea AM, Gonçalves NN, Chalita LV, Russo-Leite GP, Pandovani CR, Gonçalves A. Determinantes da evolução do peso e altura em crianças de 3 meses a 6 anos assistidas em creche: análise por modelo linear não hierarquizado em ensaio quase-experimental. Rev Panam Salud Pública. 2002; 12(1):19-25.

Fisberg RM, Bueno MB, Marchioni DML. Evolução nutricional de crianças atendidas em creches públicas no município de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Pública. 2003; 14:165-70.

Fundo das Nações Unidas para a Infância. Situação da infância brasileira 2001: desenvolvimento infantil: os seis primeiros meses de vida. Brasília: Unicef; 2001.

Shore R. Repensando o cérebro: novas visões sobre o desenvolvimento inicial do cérebro. Porto Alegre: Mercado Aberto; 2000.

National Institute of Child Health and Human Development Early Child Care Research Network. The relation of child care to cognitive and language development. Child Dev. 2000; 71(4):960-80.

Haddad CV. A creche e seu papel na formação de práticas alimentares [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1999.

Campos de Carvalho MI, Bonagamba MR. Rede social de crianças pequenas em creches: análise por proximidade física e atividade compartilhada. Psicol Teor Pesqui. 1996; 12(2):129-6.

Seabra K, Moura ML Alimentação no ambiente de creche como contexto de interação nos primeiros dois anos de um bebê. Psicol Estud. 2005; 10(1): 77-86.

Rossetti-Ferreira MC, Mello AM, Vitoria T, Gosuen A, Chaguri AC. Os fazeres na educação infantil. São Paulo: Cortez; 1998.

Valsiner J. A theory of human development: culture and the development of children’s action. New York: John Wiley & Sons; 1997.

Taddei JAAC, Brasil ALD, Palma D, Moraes DRB, Ribeiro LC, Lopez FA. Manual da crecheficiente: guia prático para educadores e gerentes. São Paulo: Unifesp; 2006.

Carvalho SP. As delicadas relações entre construção de hábitos e aprendizagem. Rev Avisa. 2005; (Edição especial).

Corsi E. Política pública e nutrição. Rev Avisa Lá. 2005; (Edição Especial).

Holland C. Comida nutritiva e questões educacionais. Rev Avisa Lá. 2005; (Edição Especial).

Boog MCF. Os aspectos simbólicos da alimentação. Rev Avisa Lá. 2005; (Edição Especial).

Franceschini SCC, Priore SE, Euclydes MP. Necessidades e recomendações de nutrientes. In: Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar: nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole; 2000.

Fundo Nacional de Desenvolvimento da educação. [acesso 2008 abril 20]. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/home/index.jsparquivo=alimentacao_escolar.html>.

Castro TG, Novaes JF, Silva MR, Costa NMB, Franceschini SCC, Tinoco ALA, et al. Caracterização do consumo alimentar, ambiente socioeconômico e estado nutricional de pré-escolares de creches municipais. Rev Nutr. 2005; 18(3):321-30. doi:

1590/S1415-52732005000300004.

Spinelli MGN, Goulart RMM, Santos ALP, Gumiero LDC, Farhud CC, Freitas EB, et al. Consumo alimentar de crianças de 6 a 18 meses em creches. Rev Nutr. 2003; 16(4):409-14. doi: 10.1590/S1415-52732003000400004.

Engstrom EM. Sisvan: instrumento para o combate aos distúrbios nutricionais em serviços de saúde: o diagnóstico nutricional. 3ª ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2005.

Coutinho GGPL, Goloni-Bertollo EM, Bertelli RCP. Iron deficiency anemia in childrens: a challenge for public health and for society. São Paulo Med J. 2005; 123(2):88-92.

Silva DG, Franceschini SCC, Priore SE, Ribeiro SM, Szarfarc SC, Souza SB, et al. Anemia ferropriva em crianças de 6 a 12 meses atendidas na rede pública de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais. Rev Nutr. 2002; 15(3):301-8. doi: 10.1590/S1415-52732002000300006.

Brunken GS. Guimarães LV, Fisberg M. Anemia em crianças menores de três anos que freqüentavam creches públicas em período integral. J Pediatr. 2002; 78:50-6.

Bueno MB, Marchioni DML, Fisberg RM. Evoluçäo nutricional de crianças atendidas em creches públicas no Município de Säo Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Pública. 2003; 14(3):165-70.

Silva MV, Ometto AMH, Furtuoso COM, Pipitone MAP, Sution GL. Acesso à creche e estado nutricional das crianças brasileira: diferenças regionais, por faixa etária e classe de renda. Rev Nutr. 2000; 13(3):193-9. doi: 10.1590/S1415-52732000000300006.

Silva MV, Sturion GL. Freqüência a creche e outros condicionantes do estado nutricional infantil. Rev Nutr. 1998; 11(1):58-68.

Fisberg RM, Marchioni DML, Cardoso MRA. Estado nutricional e fatores associados ao déficit de crescimento de crianças freqüentadoras de creches públicas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2004; 20(3):812-7.

Corso ACT, Viteritte PL, Peres MA. Prevalência de sobrepeso e sua associação com área de residência em crianças menores de 6 anos de idade matriculada em creches públicas de Florianópolis, SC, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2004; 7(1):201-9.

Martinez FE, Monteiro JP. O papel das vitaminas no crescimento e desenvolvimento infantil. In: Fisberg M, coordenador. O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil. São Paulo: Sarvier; 2008.

Áreas de atuação do nutricionista. [acesso 2008 maio 7]. Disponível em: <http://www.crn3.org.br/institucional/area_atuacao.asp>.

Publicado

2023-08-28

Cómo citar

Monteiro GOULART, R. M. ., Sampaio BANDUK, M. L. ., & de Aguiar Carrazedo TADDEI, J. A. . (2023). Uma revisão das ações de nutrição e do papel do nutricionista em creches. Revista De Nutrição, 23(4). Recuperado a partir de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9403