Experiência da masculinidade performada por homens transgêneros: evidências qualitativas e metassíntese

Autores

  • Leticia Carolina BOFFI Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Programa de Pós-Graduação em Psicologia https://orcid.org/0000-0001-9198-8963
  • Elaine Campos GUIJARRO-RODRIGUES Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Programa de Pós-Graduação em Psicologia https://orcid.org/0000-0003-3593-7007
  • Manoel Antônio dos SANTOS Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Programa de Pós-Graduação em Psicologia https://orcid.org/0000-0001-8214-7767

Palavras-chave:

Identidade de gênero, Masculinidade, Pessoas transgênero, Transexualidade

Resumo

A masculinidade é um constructo associado aos homens cisgêneros; entretanto, homens transgêneros também performam masculinidades. O objetivo deste estudo foi sintetizar, analisar e reinterpretar os achados dos estudos qualitativos primários acerca da experiência da masculinidade de homens transgêneros. A questão de pesquisa, desenvolvida por meio da estratégia SPIDER, foi: Quais são as evidências qualitativas da experiência da masculinidade performada por homens transgêneros? Foram selecionados 18 estudos que envolveram mais de 200 homens transgêneros com idades entre 19 e 65 anos. Emergiram três temas descritivos: “Performances corporais da masculinidade”, “Performances sociais da masculinidade” e “Sexualidades”. Foram gerados os temas analíticos: “A aparência da masculinidade” e “Muito além da aparência”. Os resultados apontam para experiências de masculinidade complementares: relativas à aparência física e às modificações corporais e às práticas contestadoras do padrão de masculinidade hegemônica. A vivência das masculinidades é delineada pelas alterações corporais, culminando na passabilidade e no reconhecimento social do homem transgênero.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Almeida, G. (2012). “Homens trans”: Novos matizes na aquarela das masculinidades? Revista Estudos Feministas, 20(2), 513-523. https://www.scielo.br/pdf/ref/v20n2/v20n2a12

Armuand, G., Dhejne, C., Olofsson, J. I., & Rodriguez-Wallberg, K. A. (2017). Transgender men’s experiences of fertility preservation: a qualitative study. Human Reproduction, 32(2), 383-390. https://doi.org/10.1093/humrep/dew323

Azul, D. (2016). Gender-related aspects of transmasculine people’s vocal situations: Insights from a qualitative content analysis of interview transcripts. Journal of Language & Communication Disorders, 51(6), 672-684. https://doi. org/10.1111/1460-6984.12239

Baptista-Silva, G., Hamann, C., & Pizzinato, A. (2017). Casamento no cárcere: Agenciamentos identitários e conjugais em uma galeria LGBT. Paidéia (Ribeirão Preto), 27(1), 376-385. https://doi.org/10.1590/1982-432727s1201702

Bento, B. (2012). Sexualidade e experiências trans: do hospital à alcova. Ciência & Saúde Coletiva, 17(10), 2655-2664. https://www.scielosp.org/pdf/csc/2012.v17n10/2655-2664/pt

Brown, C., Maragos, A., Lee, R., Davidson, B., & Dashjian, L. T. (2016). Female to male transsexuals: giving voice to their experience. Journal of LGBT Issues in Counseling, 10(1), 16-39. https://doi.org/10.1080/15538605.2015.1138098

Budge, S. L., Orovecz, J. J., & Thai, J. L. (2015). Trans men’s positive emotions: the interaction of gender identity and emotion labels. The Counseling Psychologist, 43(3), 404-434. https://doi.org/10.1177/0011000014565715

Butler, J. (2018). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (R. Aguiar, Trans.; 16th ed.). Civilização Brasileira. (Original work published 1990).

Connell, R. W., & Messerschmidt, J. W. (2013). Masculinidade hegemônica: Repensando o conceito. Revista Estudos Feministas, 21(1), 241-282. https://www.scielo.br/pdf/ref/v21n1/14.pdf

Critical Appraisal Skills Program (2018). CASP (insert name of checklist i.e. Qualitative) Checklist. CASP UK. https://casp-uk.net/wp-content/uploads/2018/03/CASP-Qualitative-Checklist-2018_fillable_form.pdf

Cunha, J. F. S. N. (2019). Nem só de hormônio vive o homem: representações e resistências de homens transexuais (1984-2018). ACENO: Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 6(12), 95-112. https://periodicoscientificos.ufmt.br/ ojs/index.php/aceno/article/view/8537

Formiga, N. S., & Camino, L. (2001). A Dimensão do Inventário de Papeis Sexuais (BSRI): a masculinidade e feminilidade em universitários. Estudos de Psicologia (Campinas), 18(2), 41-49. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2001000200004

Gatos, K. C. (2018). A literature review of cervical cancer screening in transgender men. Nursing for Women’s Health, 22(1), 52-62. https://doi.org/10.1016/j.nwh.2017.12.008

González-González, D., Mahtani-Chugani, V., Báez-Quintana, D., & Fernández-Sanchez-Barbudo, M. (2018). La transexualidad y el proceso de reasignación sexual desde la perspectiva de los varones transexuales: un enfoque cualitativo. Revista Internacional de Andrología, 16(2), 59-66. https://doi.org/10.1016/j.androl.2017.02.003

Halberstam, J. (1998). Female Masculinity. Duke University Press.

Hoffkling, A., Obedin-Maliver, J., & Sevelius, J. (2017). From erasure to opportunity: a qualitative study of the experiences of transgender men around pregnancy and recommendations for providers. BMC Pregnancy and Childbirth, 17(2), 332-352. https://doi.org/10.1186/s12884-017-1491-5

Johnson, M., Wakefield, C., & Garthe, K. (2020). Qualitative socioecological factors of cervical cancer screening use among transgender men. Preventive Medicine Reports, 17, e101052. https://doi.org/10.1016/j.pmedr.2020.101052

Klein, A., Krane, V., & Paule-Koba, A. L. (2018). Bodily changes and performance effects in a transitioning transgender college athlete. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, 10(5), 555-569. https://doi.org/10.1080/215967 6X.2018.1466721

Klein, A., Paule-Koba, A. L., & Krane, V. (2019). The journey of transitioning: being a trans male athlete in college sport. Sport Management Review, 22(5), 626-639. https://doi.org/10.1016/j.smr.2018.09.006

MacDonald, T., Noel-Weiss, J., West, D., Walks, M., Biener, M., Kibbe, A., & Myler, E. (2016). Transmasculine individuals’ experiences with lactation, chestfeeding, and gender identity: a qualitative study. BMC Pregnancy and Childbirth, 16(1), 1-17. https://doi.org/10.1186/s12884-016-0907-y

Martin, T. K., & Coolhart, D. (2019). “Because your dysphoria gets in the way of you… it affects everything”: the mental, physical, and relational aspects of navigating body dysphoria and sex for trans masculine people. Sexual and Relationship Therapy, 37(1), 82-99. https://doi.org/10.1080/14681994.2019.1696459

Martínez-Guzmán, A., & Íñiguez-Rueda, L. (2017). Prácticas discursivas y violencia simbólica hacia la comunidad LGBT en espacios universitarios. Paidéia, 27(Suppl. 1), 367-375. https://doi.org/10.1590/1982-432727s1201701

Martins, A. M., & Nascimento, A. R. A. (2020). Imagem corporal masculina: revisão integrativa da produção científica latino-americana (2005-2019). Motrivivência, 32(63), 1-23. https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e72330

Methley, A. M., Campbell, S., Chew-Graham, C., McNally, R., & Cheraghi-Sohi, S. (2014). PICO, PICOS and SPIDER: a comparison study of specificity and sensitivity in three search tools for qualitative systematic reviews. BMC Health Services Research, 14(1), 579-589. https://doi.org/10.1186/s12913-014-0579-0

Moher, D., Liberati, A., Tetzlaff, J., Altman, D. G., & Prisma Group. (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: The PRISMA statement. Plos Medicine, 6(7), e1000097. https://doi.org/10.1371/journal. pmed.1000097

Ouzzani, M., Hammady, H., Fedorowicz, Z., & Elmagarmid, A. (2016). Rayyan-a web and mobile app for systematic reviews. Systematic Reviews, 5, 210-220. https://doi.org/10.1186/s13643-016-0384-4

Peitzmeier, S. M., Agénor, M., Bernstein, I. M., McDowell, M., Alizaga, N. M., Reisner, S. L., Pardee, D. J., & Potter, J. (2017). “It can promote an existential crisis”: Factors influencing Pap test acceptability and utilization among transmasculine individuals. Qualitative Health Research, 27(14), 2138-2149. https://doi.org/10.1177/10497323177255

Ramos-Pibernus, A. G., Rodríguez-Madera, S. L., Padilla, M., Varas-Díaz, N., & Vargas Molina, R. (2016). Intersections and evolution of ‘Butch-trans’ categories in Puerto Rico: needs and barriers of an invisible population. Global Public Health, 11(7-8), 966-980. https://doi.org/10.1080/17441692.2016.1180703

Safavifar, F., Eftekhar, M., Alavi, K., Negarandeh, R., Jalali, A. H., & Eftekhar, M. (2016). Religious experiences of Iranian transgenders: a qualitative study. Medical Journal of the Islamic Republic of Iran, 30, 385-393. https://www.ncbi.nlm. nih.gov/pmc/articles/PMC4972060/pdf/mjiri-30-385.pdf

Sandelowski, M., & Barroso, J. (2003). Classifying the findings in qualitative studies. Qualitative Health Research, 13(7), 905-923. https://doi.org/10.1177/1049732303253488

Sandelowski, M., & Barroso, J. (2006). Handbook for synthesizing qualitative research. Springer.

Santos, M. A., Souza, R. S., Lara, L. A. S., Risk, E. N., Oliveira, W. A., Alexandre, V., & Oliveira-Cardoso, E. A. (2019). Transexualidade, ordem médica e política de saúde: controle normativo do processo transexualizador no Brasil. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 10(1), 3-19. https://doi.org/10.5433/2236-6407

Sbragia, J. D., & Vottero, B. (2019). Experiences of transgender men in seeking gynecological and reproductive health care: a qualitative systematic review protocol. JBI Database of Systematic Reviews and Implementation Reports, 17(8), 1582-1588. https://doi.org/10.11124/jbisrir-2017-004029

Soares, M., Feijó, M. R., Valério, N. I., Siquieri, C. L. S. M., & Pinto, M. J. C. (2011). O apoio da rede social a transexuais femininas. Paidéia, 21(48), 83-92. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2011000100010

Sousa, D., & Iriart, J. (2018). “Viver dignamente”: necessidades e demandas de saúde de homens trans em Salvador, Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 34, e00036318. https://doi.org/10.1590/0102-311X00036318

Stephenson, R., Riley, E., Rogers, E., Suarez, N., Metheny, N., Senda, J., Saylor, K. M., & Bauermeister, J. A. (2017). The sexual health of transgender men: a scoping review. The Journal of Sex Research, 54(4-5), 424-445. https://doi.org/ 10.1080/00224499.2016.1271863

Thomas, J., & Harden, A. (2008). Methods for the thematic synthesis of qualitative research in systematic reviews. BMC Medical Research Methodology, 8(1), 45-55. https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-45

Tong, A., Flemming, K., McInnes, E., Oliver, S., & Craig, J. (2012). Enhancing transparency in reporting the synthesis of qualitative research: ENTREQ. BMC Medical Research Methodology, 12(1), 181-189. http://www.biomedcentral. com/1471-2288/12/181

Tree-McGrath, C. A. F., Puckett, J. A., Reisner, S. L., & Pantalone, D. W. (2018). Sexuality and gender affirmation in transgender men who have sex with cisgender men. International Journal of Transgenderism, 19(4), 389-400. https:// doi.org/10.1080/15532739.2018.1463584

Viera, A. J., & Garrett, J. M. (2005). Understanding interobserver agreement: the kappa statistic. Family Medicine, 37(5), 360-363. http://www1.cs.columbia.edu/~julia/courses/CS6998/Interrater_agreement.Kappa_statistic.pdf

Williams, C. J., Weinberg, M. S., & Rosenberger, J. G. (2013). Trans men: embodiments, identities, and sexualities. Sociological Forum, 28(4), 719-741. https://doi.org/10.1111/socf.12056

Downloads

Publicado

2023-01-20

Como Citar

BOFFI, L. C., GUIJARRO-RODRIGUES, E. C., & SANTOS, M. A. dos. (2023). Experiência da masculinidade performada por homens transgêneros: evidências qualitativas e metassíntese. Estudos De Psicologia, 39. Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/7272

Edição

Seção

PSICOLOGIA DA SAÚDE