Adoção tardia por casal divorciado e com filhos biológicos

novos contextos para a parentalidade

Autores/as

  • Livia Kusumi OTUKA Ministério Público do Estado de São Paulo
  • Fabio SCORSOLINI-COMIN Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Departamento de Psicologia
  • Manoel Antônio dos SANTOS Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Departamento de Psicologia.

Palabras clave:

Adoção tardia, Parentalidade, Psicanálise, Relações conjugais

Resumen

O objetivo deste estudo de caso é discutir a experiência de um casal divorciado, com filhos biológicos, que realizou uma adoção tardia. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual semiestruturada e analisados mediante o referencial teórico da psicanálise winnicottiana. Os resultados mostraram que, após três anos divorciados, os participantes adotaram um adolescente, destacando como motivação o altruísmo. Em termos do amadurecimento emocional dos membros do casal divorciado, nota- -se que eles renovaram o bom vínculo preexistente não apenas mediante o exercício da parentalidade adotiva, mas também pelo “desejo de ajudar” o adolescente por meio de sua inserção em um núcleo familiar. Nas falas dos pais, pôde-se perceber que a noção de família transcende a ideia de um simples arranjo nuclear tradicional constituído em torno do casal, uma vez que a conjugalidade não foi mencionada como condição para a adoção. Em contrapartida, a conjugalidade foi valorizada como condição para o nascimento do primeiro filho biológico, denotando que são atribuídas diferentes significações à parentalidade biológica e adotiva.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

Andrei, E. (2001). Adoção: mitos e preconceitos. In F. Freire (Org.), Abandono e adoção: contribuições para uma cultura da adoção III (pp.41-50). Curitiba: Terra dos Homens.

Brasil (2009, 4 de agosto). Lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009. Dispõe sobre adoção; altera as Leis nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, 8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências. Brasília. Diário Oficial da União, Seção 1.

Carter, B., & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas.

Cerveny, C. M. O., & Berthoud, C. M. E. (1997). Família e ciclo vital: nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Costa, N. R. A. (2005). Construção de sentidos relacionados à maternidade e à paternidade em uma família adotiva (Tese de doutorado não-publicada). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Costa, N. R. A., & Rossetti-Ferreira, M. C. (2007). Tornar-se pai e mãe em um processo de adoção tardia. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 425-434.

Cúneo, L. A., Pella, M. E. B., Castiñeira, E., Márquez, A. F., Felbarg, D., & Muchenik, J. (2007). Relaciones fraternas em la adopción. Archivos Argentinos de Pediatría, 105(1), 74-76.

Diniz, J. S. (1993). Este meu filho que eu não tive. Porto: Afrontamento.

Ebrahim, S. G. (2001). Adoção tardia: altruísmo, maturidade e estabilidade emocional. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14 (1), 73-80.

Ghesti-Galvão, I. (2008). Intervenções psicossociais e jurídicas no percurso da adoção: a mediação entre o afeto e a lei (Tese de doutorado não-publicada). Programa de Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura. Universidade de Brasília.

Gomes, K. P. S. (2006). A adoção à luz da teoria winnicottiana. Winnicott e-prints, 1, 1-33.

Gomes, I. C., & Iyama, R. (2001). Atendimento breve de orientação psicanalítica a pais de crianças adotivas. Boletim de Psicologia, 114(51), 109-121.

Hernandez, J. A., & Hutz, C. S. (2009). Transição para a parentalidade: ajustamento conjugal e emocional. Psico, 40(4), 414-421.

Iyama, R., & Gomes, I. C. (2005). A adoção sob um “olhar” winnicottiano. Encontro: Revista de Psicologia, 10(12), 58 70.

Levinzon, G. K. (2004). Adoção. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Levy, L., & Féres-Carneiro, T. (2001). Da maternidade impossível ao possível da filiação: sobre o desejo de adoção. Tempo Psicanalítico, 33, 77-87.

Mariano, F. N., & Rossetti-Ferreira, M. C. (2008). Que perfil da família biológica e adotante, e da criança adotada revelam os processos judiciais? Psicologia: Reflexão e Crítica, 21(1), 11-19.

Otuka, L. K. (2009). Adoção por famílias com filhos biológicos: a perspectiva dos casais adotantes (Monografia não-publicada). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Otuka, L. K., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2009). A configuração dos vínculos na adoção: uma atualização no contexto latino-americano. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 19(3), 475-486.

Otuka, L. K., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2010). O entrelaçamento dos desejos no projeto de adoção por famílias com filhos biológicos: uma compreensão winnicottiana. Revista da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, 9(1), 155-167.

Otuka, L. K., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2012). Adoção suficientemente boa: experiência de um casal com filhos biológicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28 (1), 55-63.

Pereira, J. M. F., & Santos, M. A. (1998). O enfoque psicológico da adoção: revisão da literatura. In R. C. Labate (Org.), Caminhando para a assistência integral (pp.225-247). Ribeirão Preto: Scala.

Peres, R. S., & Santos, M. A. (2005). Considerações gerais e orientações práticas acerca do emprego de estudos de caso na pesquisa científica em Psicologia. Interações, 20(10), 109-126.

Rosa, D. B. (2008). A narratividade da experiência adotiva: fantasias que envolvem a adoção. Psicologia Clínica, 20 (1), 97-110.

Santos, M. A., Raspantini, R. L., Silva, L. A. M., & Escrivão, M. V. (2003). Dos laços de sangue aos laços de ternura: o processo de construção da parentalidade nos pais adotivos. Psic, 4(1), 14-21.

Sarti, C. A. (1996). A família como espelho. Campinas: Autores Associados.

Schettini, S. S. M., Amazonas, M. C. L. A., & Dias, C. M. S. B. (2006). Famílias adotivas: identidade e diferença. Psicologia em Estudo, 11(2), 285-293.

Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2008). Aprender a viver é o viver mesmo: o aprendizado a partir do outro em um grupo de pais candidatos à adoção. Vínculo, 5(2), 115-130.

Sólon, L. A. G. (2009). Conversando com crianças sobre adoção. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Triviños, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas.

Uziel, A. P. (2007). Homossexualidade e adoção. Rio de Janeiro: Garamond.

Vargas, M. M. (1998). Adoção tardia: da família sonhada à família possível. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Winnicott, D. W. (1993). Psicose e cuidados maternos. In D. W. Winnicott. Textos selecionados: da pediatria à psicanálise (pp.491-498). Rio de Janeiro: Francisco Alves. (Originalmente publicado em 1945).

Winnicott, D. W. (1997a). Duas crianças adotadas. In D. W. Winnicott. Pensando sobre crianças (pp.115-125). São Paulo: Artmed. (Originalmente publicado em 1953).

Winnicott, D. W. (1997b). A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1965).

Publicado

2013-03-31

Cómo citar

OTUKA, L. K., SCORSOLINI-COMIN, F., & SANTOS, M. A. dos. (2013). Adoção tardia por casal divorciado e com filhos biológicos: novos contextos para a parentalidade. Estudos De Psicologia, 30(1). Recuperado a partir de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/8597