A ultra-sonografia obstétrica e a relação materno-fetal em situações de normalidade e anormalidade fetal

Autores

  • Aline Grill GOMES Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Cesar Augusto PICCININI Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

anormalidade fetal, gestantes, relação mãe-feto, ultra-sonografia obstétrica

Resumo

A ultra-sonografia obstétrica já é considerada um exame de rotina no pré-natal. Esse procedimento inaugurou uma nova forma de contato com o universo intra-uterino, além de ter passado a antecipar dados reais do bebê que antes só eram conhecidos após o seu nascimento. Hoje é possível saber o sexo do bebê, visualizar suas características físicas e maneiras de se movimentar, bem como fazer um diagnóstico de anormalidade fetal. Assim, a crescente utilização da ultra-sonografia parece afetar a relação pais-feto. Diversos estudos têm sido realizados a respeito das repercussões psicológicas da ultra-sonografia obstétrica na relação materno-fetal. O presente artigo revisa os principais achados desses estudos destacando tanto as situações de normalidade quanto de anormalidade fetal. Embora não haja consenso quanto ao impacto da ultra-sonografia para a relação materno-fetal, os estudos são unânimes em reconhecer o impacto emocional desse momento em situações de normalidade e, especialmente, nos casos de anormalidade fetal. Assim sendo, é necessário atentar também para os aspectos psicológicos desse exame e para seu potencial de afetar a relação pais-bebê.

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Publicado

2005-12-31

Como Citar

GOMES, A. G. ., & PICCININI, C. A. . (2005). A ultra-sonografia obstétrica e a relação materno-fetal em situações de normalidade e anormalidade fetal. Estudos De Psicologia, 22(4). Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/6767