Intervenções psicológicas com famílias de bebês prematuros em Unidade de Terapia Intensiva neonatal

Authors

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0897v26n3a3873

Keywords:

Desenvolvimento infantil. Nascimento prematuro. Neonatologia. Promoção da saúde. Psicologia.

Abstract

Apesar das taxas atuais de sobrevivência dos bebês prematuros excederem os 85%, estima-se que 50% a 70% dos recém-nascidos pré-termo ou com baixo peso desenvolvem disfunções cognitivas e comportamentais bem como atrasos no desenvolvimento socioemocional, motor e linguístico, que persistem até a vida adulta e impactam de forma significativa o vertiginoso aumento da incidência de transtornos psicopatológicos da infância na atualidade. A Organização Mundial da Saúde estima que 15% a 20% das crianças que frequentam consultas pediátricas de rotina apresentam um diagnóstico psicopatológico. É imprescindível o desenvolvimento de intervenções voltadas às necessidades psicossociais dos bebês pré-termo e seus pais, prevenindo interferências nas interações estabelecidas entre eles, fundamentais para a instauração do processo de constituição do sujeito e organizadoras do desenvolvimento das funções orgânicas e instrumentais do bebê. Este artigo apresenta uma revisão da literatura científica produzida entre 2010 e 2015, mediante consulta às bases de dados MedLine, Index Psi, Lilacs, Ibecs, BDENF, acerca de intervenções, com famílias de neonatos prematuros, que incluam a participação do psicólogo e atuem na promoção e prevenção da saúde mental. Verificou-se um número extremamente reduzido de intervenções familiares dessa natureza, retratando o predomínio do reconhecimento da importância do desenvolvimento biológico e comportamental, em detrimento do desenvolvimento psíquico.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Ana Paula Magosso CAVAGGIONI, Universidade Metodista de São Paulo - UMESP

Psicóloga, mestranda em Psicologia da Saúde pelo departamento de pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP

Michelle Cristine TOMAZ, Universidade Metodista de São Paulo - UMESP

Psicóloga, mestranda em Psicologia da Saúde pelo departamento de pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP

 

Universidade Metodista de São Paulo, Escola de Ciências Médicas e da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde. Av. Dom Jaime de Barros Câmara, 1000, Planalto, 09895-400, São Bernardo do Campo, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence
to: APM CAVAGGIONI. E-mail: <anapaulamagosso@gmail.com>.

Miria BENINCASA, Professora do programa de pos graduação em psicologia da saude da universidade metodista de são paulo - UMESP

Graduada em Psicologia pela Universidade de Uberaba, Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo e doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela USP.

References

Centers for Disease Control and Prevention. Identified prevalence of autism spectrum disorder. Washington (DC): National Academies Press; 2010.

Lacet CC. A escuta psicanalítica da criança e seu corpo frente ao diagnostivo de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2014.

World Health Organization. About WHO. Genebra: WHO; 2011 [cited 2015 Sept 27]. Available from: http://www.who.int/topics/mental_health/es/

Bernardino LMF. É possível uma clínica psicanalítica com bebês? In: Kupfer MCM, Teperman D. O que os bebês provocam nos psicanalistas. São Paulo: Editora Escuta; 2008. p.13-30.

Moreira MEL, Braga NA, Morsch DS. Quando a vida começa diferente: o bebê e sua família na UTI Neonatal. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003.

Victora C, Barros F, Alicia M, Silveira M. Consultoria: pesquisa para estimar a prevalência de nascimentos pré-termo no Brasil e explorar possíveis causas [tese]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas; 2013.

Silveira MF, Santos IS, Matijasevich A, Malta DC, Duarte, EC. Nascimentos pré-termo no Brasil entre 1994 e 2005 conforme o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Cad Saúde Pública. 2009;25(6):1267-75. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009000600009

Bernardino LMF. A abordagem psicanalítica do desen-volvimento infantil e suas vicissitudes. In: Bernardino LMF. O que a psicanálise pode ensinar sobre a criança, sujeito em constituição. São Paulo: Editora Escuta; 2006. p.19-41.

Lerner R, Kupfer MCM. Psicanálise com crianças: clínica e pesquisa. São Paulo: Editora Escuta; 2008.

Kupfer MCM. Autismo: uma estrutura decidida? Uma contribuição dos estudos sobre bebês para a clínica do autismo. In: Kupfer MCM, Teperman D. O que os bebês provocam nos psicanalistas. São Paulo: Editora Escuta; 2008. p.41-8.

Bowlby J. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes; 1988.

Spitz RA. Hospitalism: An inquiry into the genesis of psychiatric condition in early childhood. Psychoanal Study Child. 1945;1:53-74.

Spitz RA. The first year of life: A psychoanalytic study of normal and deviant development of object relations. New York: International Universities Press; 1965.

Winnicott DW. Primitive emotional development. Int J Psychoanal. 1945;26(3-4):137-43.

Winnicott DW. Maturational processes and the facilitating environment. London: Hogarth Press and The Institute of Psychoanalysis; 1965.

Winnicott DW. Home is where we start from. In: Winnicott DW. Essays by a psychoanalyst. New York: W.W. Norton; 1986.

Jerusalinsky J. Enquanto o futuro não vem: a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês. Salvador: Álgama; 2002.

Pickler RH, McGrath JM, Reyna BA, McCain N, Lewis M, Cone S, et al. A model of neurodevelopmental risk and protection for preterm infants. J Perinat Neonatal Nurs. 2010;24(4):356-65. http://dx.doi.org/10.1097/JPN.0b013e3181fb1e70

O’Brien K, Bracht M, MacDonell K, McBride T, Robson K, O´Leary L, et al. A pilot cohort analytic study of family integrated care in a Canadian neonatal intensive care unit. BMC Pregnancy Childbirth. 2013;13(Suppl 1):S12. http://dx.doi.org/ 10.1186/1471-2393-13-S1-S12

Tarragó-Riverola R, Mañosa-Mas M. Aplicaciones clínicas en el tratamiento de niños prematuros. Cuad Psiquiatr. 2014;(57):35-41.

Morais KCB, Silva TG, Medeiros WCM, Vieira CM. Gestalt, grupoterapia e arte: a ressignificação do bebê pré-termo em unidade neonatal. Rev Abordagem Gestál. 2013;19(1):21-30.

Subhani M, Ifrah I. Digital Scrapbooking as a standart of care in neonatal intensive care units: Initial experience. J Neonatal Nurs. 2012;31(3):162-8. http://dx.doi.org/10.1891/0730-0832.31.3.162

Chen Y, Zhang J, Bai J. Effect of an educational intervention on parental readiness for premature infant discharge from the neonatal intensive care units. J Adv Nurs. 2016;72(1):135-46. http://dx.doi.org/10.1111/jan.12817

O’Brien K, Bracht M, Robson K, Ye XY, Mirea L, Cruz M, et al. Evaluation of the family integrated care model of neonatal intensive care: A cluster randomized controlled trial in Canada and Australia. BMC Pediatr. 2015;15:210. http://dx.doi.org/10.1186/s12887-015-05 27-0

Goldstein LA. Family support and education. Phys Occup Ther Pediatr. 2013;33(1):139-61. http://dx.doi.org/10.3109/01942638.2012.754393

Pozzati F. From tube to breast. Minerva Pediatr. 2010;62(3):211-2.

Melo MS, Bernardino, LMF. A função do desejo dos pais e da escuta psicanalítica na ativação da plasticidade neuronal em um bebê com encefalopatia. In: Barbosa CF, Parlato-Oliveira E. Psicanálise e clinica com bebês: sintoma, tratamento e interdisciplina na primeira infância. São Paulo: Instituto Langage; 2009. p.33-48.

Lester BM, Miller RJ, Hawes K, Salisbury A, Bigsby R, Sullivan MC, et al. Infant Neurobehavioral development. Semin Perinatol. 2011;35(1):8-19. http://dx.doi.org/10. 1053/j.semperi.2010.10.003

Thibeau S, Ricouard D, Gilcrease C. Innovative technology offers virtual visitation for families. J Contin Educ Nurs. 2012;43(10):439-40. http://dx.doi.org/10.3928/00220124-20120925-94

Tereno S, Soares I, Martins E, Sampaio D, Carlson E. La théorie de l’attachement: son importance dans un contexte pédiatrique. 2010 [cité 2015 oct 20]. Recuperé dans: https://www.cairn.info/revue-devenir-2007-2-page-151.htm

White-Traut R, Norr KF, Fabiyi C, Rankin KM, Li Z, Liu L. Mother-infant interaction improves with a developmental intervention for mother-preterm infant dyads. Infant Behav Dev. 2013;36(4):694-706. http://dx.doi.org/10.1016/j.infbeh.2013.07.004

Wataker H, Meberg A, Nestaas E. Neonatal family care for 24 hours per day: Effects on maternal confidence and breast-feeding. J Perinat Neonatal Nurs. 2012;26(4):336-42. http://dx.doi.org/10.1097/JPN.0b013e31826d928b

Janvier A, Barrington K, Farlow B. Communication with parents concerning withholding or withdrawing of life-sustaining interventions in neonatology. Semin Perinatol. 2014;38(1):38-46. http://dx.doi.org/10.1053/j.semperi.2013.07.007

Lee TY, Wang MM, Lin KC, Kao CH. The effectiveness of early intervention on paternal stress for fathers of premature infants admitted to a neonatal intensive care unit. J Adv Nurs. 2013;69(5):1085-95. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2012.06097

Ortenstrand A. The Role of single patient neonatal intensive care unit rooms for preterm infants. Acta Paediatr. 2014;103(5):462-3. http://dx.doi.org/10.1111/apa.12566

Pineda RG, Stransky KE, Rogers C, Duncan MH, Smith GC, Neil J, et al. The single-patient room in the NICU: Maternal and family effects. J Perinatol. 2012;32(7):545-51. http://dx.doi.org/10.1038/jp.2011.144

Esteves MC. Trabajo con padres de hijos prematuros en una unidad de neonatos Working with parents of premature children in a neonatal unit. Rev Psicopatol Salud Ment Niño Adolesc. 2012;15:53-61.

Ortenstrand A, Westrup B, Brostrom EB, Sarman I, Akerstrom S, Brune T, et al. The Stockholm Neonatal Family Centered Care study: Effects on length of stay and infant morbidity. Pediatrics. 2010;125(2):e278-85. http://dx.doi.org/10.1542/peds.2009-1511

Welch MG, Hofer MA, Stark RI, Andrews HF, Austin J, Glickstein SB, et al. Randomized controlled trial of Family Nurture Intervention in the NICU: Assessments of length of stay, feasibility and safety. BMC Pediatr. 2013;13:148. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2431-1 3-148

Bernardino LMF. As psicoses não decididas da infância: um estudo psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004.

Bowlby J. Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989.

Winnicott DW. Human nature. London: Free Association; 1988.

Published

2018-07-17

How to Cite

CAVAGGIONI, A. P. M., TOMAZ, M. C., & BENINCASA, M. (2018). Intervenções psicológicas com famílias de bebês prematuros em Unidade de Terapia Intensiva neonatal. Revista De Ciências Médicas, 26(3), 93–106. https://doi.org/10.24220/2318-0897v26n3a3873