Aleitamento materno exclusivo em alojamento conjunto: avaliação da incidência e das causas do uso de fórmulas

Autores

  • Luiz Maria Pinto
  • Márcia Regina de Azevedo Caldas Léon
  • Maria Cristina Ferraz Zagari
  • Nélida Maria Fernandes Farias
  • Verónica Cecilia Hodar Luengo

Palavras-chave:

aleitamento materno, alojamento conjunto

Resumo

Com relação à prática hospitalar, no incentivo ao aleitamento materno, prioriza-se o parto normal, contato íntimo entre a criança e a mãe logo após o nascimento, estabelecimento da primeira mamada até 6 horas após o parto, não suplementação com outros tipos de leite ou quaisquer outros líquidos, incluindo água ou chás, não uso de chupetas para acalmar as crianças. Realizou-se um estudo prospectivo, sem interferência, no período de 27/11/95 a 23/2/96, onde residentes do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP) registraram a história alimentar do nascimento até a alta hospitalar de 507 recém-nascidos encaminhados ao Sistema de Alojamento Conjunto (AC) do Hospital e Maternidade Celso Pierro/PUCCAMP, objetivando avaliar a frequência e causas da utilização de outros alimentos que não o leite materno em crianças de baixo risco, revelando frequência de 12% antes do encaminhamento ao AC e de 9% após o encaminhamento. Destacaram-se como fatores de risco para menor frequência de leite materno exclusivo, o tipo de parto, cujo teste estatístico mostrou que os RN nascidos por cesárea recebem mais suplementos e o atraso no encaminhamento dos mesmos, cujo período superior a 5 horas foi responsável pela significância estatística (p<0,001) de maior frequência de suplementação. Os motivos mais relevantes que justificaram os atrasos no encaminhamento foram o atraso no fechamento do puerpério (51,4%) e dificuldades de transporte da mãe, do Centro Obstétrico para o Bloco de Alojamento Conjunto (26%). Os nascimentos ocorridos nos dias úteis e nos plantões matutinos indicaram riscos estatisticamente maiores (p<0,001) para a suplementação com fórmulas ou soro glicosado. Concluiu-se que os fatores que interferiram negativamente na prática do aleitamento materno no serviço do hospital universitário foram os de ordem médica e de estrutura institucional.

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Publicado

1996-08-31

Como Citar

Pinto, L. M., Léon, M. R. de A. C., Zagari, M. C. F., Farias, N. M. F., & Luengo, V. C. H. (1996). Aleitamento materno exclusivo em alojamento conjunto: avaliação da incidência e das causas do uso de fórmulas. Revista De Ciências Médicas, 5(2). Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/cienciasmedicas/article/view/1394

Edição

Seção

Artigos Originais