Construindo o significado da mastectomia
experiência de mulheres no pós-operatório
Palavras-chave:
mama, neoplasias mamarias, mastectomia, radioterapia, quimioterapiaResumo
Quando diagnosticado o câncer de mama, várias são as opções terapêuticas disponibilizadas para a mulher, implicando em algum grau de sofrimento, especialmente quando submetida a mastectomia. Além deste procedimento cirúrgico, muitas mulheres enfrentam tratamentos de radio e quimioterapia complementares, que também são agressivos. Buscando conhecer as opiniões de mulheres no pós-operatório, este estudo objetivou compreender o significado da mastectomia para pacientes em seguimento no Ambulatório de Mastologia, setores de radio e quimioterapia. As entrevistas foram realizadas através de perguntas abertas: Quais são as suas preocupações com o tratamento cirúrgico a que foi submetida? Como estão suas atividades sociais e diárias após a cirurgia ou radio e quimioterapia? As descrições foram avaliadas pela análise de conteúdo proposta por Bardin em 1977. Na relação consigo mesma identificaram-se as seguintes categorias: sensação de impotência, mutilação, dor e limitação, medo da incapacidade e necessidade de cuidado com o corpo. No relacionamento com outras pessoas, o ocultamento da mutilação e a dificuldade na relação marital surgiram quando as mulheres referiram sentir uma exposição de seu corpo mutilado, levando-as ao sentimento de vergonha do parceiro. A reconstrução mamária é desejada pela maioria das pacientes entrevistadas. Estratégias de enfrentamento e atividades de lazer e otimismo apareceram como possibilidade de ajuda para reelaborar um novo projeto existencial.
Downloads
Referências
Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Persona; 1977.
Caldeira JRF, Budin RMA. Aspectos epidemiológicos do câncer de mama em Jaú, SP, e a alta incidência de casos avançados em mulheres idosas. Rev Bras Cancerol 1995;41:15-7.
Canella EO. Detecção do câncer de mama: revisão da literatura para o clínico. JBM 1999; 47(4):100-02.
Carvalho ZNF. Orientação de enfermagem: fator importante no ajustamento das mulheres mastectomizadas. Contribuição à assistência de enfermagem. Rev Bras Enf 1984; 37(3/4): 157-64.
Fernandes AFC. O cotidiano da mulher com câncer de mama. Fortaleza: Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura; 1997.
Ferreira MLSM. Vivenciando os primeiros meses de pós-mastectomia: estudos de casos [doutorado]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 1999.
Fonseca AM JSR. Vivência corporal, imagem do corpo e mastectomia. ln: Anais da 18" Reunião Anual de Psicologia; 1989; Ribeirão Preto. Ribeirão Preto: Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto; 1989. p.181-9.
Foucault M. História da sexualidade 3: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal; 1985.
Goffmann E. Estigma. Notas sobre a manipulação da identidade Deteriorada. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1988.
Instituto Nacional do Câncer. Estimativas de incidências da incidência e mortalidade por câncer no Brasil. [citado em 26 maio 2002]. Disponível: http://inca.gov. br
Instituto Nacional do Câncer. Prevenção e detecção: programa nacional de controle do câncer do colo do útero e de mama - viva mulher - 2002 . [citado em 26 maio 2002]. Disponível: http://inca.gov .br
Kligerman J. Estimativas sobre a incidência e mortalidade por câncer no Brasil - 2000 . Rev Bras Cancero! 2000; 46(2): 135-36.
Lim J, et ai. Sexuality of women after mastectomy. Ann AcadMed 1995;24(5):659-63.
Mamede MV. Reabilitação de mastectomizadas: um novo enfoque assistencial [Livre-docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 1991 .
Novais G. O espelho e a auto-imagem. São Paulo: Loyola; 1994.
PinottiJA. Câncer de mama. [citado em25 maio2002]. Disponível:http:// connectmed.com.br
Rodrigues JC. O tabu do corpo. Rio de Janeiro: Vozes; 1983.
Silva RM, Mamede MV. O conviver com a mastectomia. Fortaleza: UFC; 1998.