Pós-estruturalismo e religião
a ética calvinista em relação à temática mais abrangente da teologia política contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v48a2023e7281Palabras clave:
Genealogia, Neocalvinismo, Teologia políticaResumen
Tendo por base uma problematização acerca das aspirações conservadoras de uma visão religiosa de mundo orientada à padronização cultural, este artigo, ao recuperar os contornos de uma racionalidade marcada por não poucas ambiguidades, mas com pretensões que excedem a uma simples disjunção das esferas secular e religiosa, procura realizar, a partir do resgate genealógico da ética calvinista, uma investigação orientada à compreensão das lógicas presentes numa formação discursiva que se apresenta em franca expansão entre os evangélicos brasileiros, a saber, o neocalvinismo. Procurando compreender as identidades sociais em uma perspectiva pós-estruturalista, desenvolve-se, também, a partir da noção weberiana de racionalização, uma busca pelos elos estabelecidos entre a ideia calviniana de livre uso das coisas que, em si mesmas, são indiferentes (adiaphora), e a concepção agambeniana de um uso livre e gratuito do tempo e do mundo. Finalmente, tratar-se-á dos aspectos relacionados aos desenvolvimentos de uma teologia política contemporânea, tomando como ponto de partida a recepção da tradição reformada no Brasil. Portanto, a ênfase nos aspectos teórico-metodológicos da análise pós-estrutural do fenômeno religioso se dará em três níveis discursivos distintos (uma arqueologia da ética calvinista; os usos e abusos dessa mesma ética pela Teoria Social contemporânea e o neocalvinismo brasileiro), constituindo-se em um potente recurso para o estudo da ética calvinista em relação à temática mais abrangente da teologia política contemporânea.
Descargas
Citas
Agamben, G. O tempo que resta: um comentário à Carta aos Romanos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
Agamben, G. O uso dos corpos. São Paulo: Boitempo, 2017.
Alencar, G. Evangélicos e a Nova Direita no Brasil: os Discursos Conservadores do ‘Neocalvinismo’ e as Interlocuções com a Política. Teoria e Cultura, v. 13, n. 2, p. 101-117, 2018. Doi: https://doi.org/10.34019/2318-101X.2018. v13.12428
Alinhada a Bolsonaro, Igreja Presbiteriana tenta afastar fiéis do ‘pensamento de esquerda’. CartaCapital, 20 jul. 2022. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/alinhada-a-bolsonaro-igreja-presbiteriana-tenta-afastar-fieis-do-pensamento-de-esquerda/. Acesso em: 2 abr. 2023.
Almeida, R. Deuses do parlamento: os impedimentos de Dilma. In: Almeida, R.; Toniol, R. (org.). Conservadorismos, fascismos e fundamentalismos: análises conjunturais. Campinas: Editora da Unicamp, 2018. p. 163-193.
Alves, R. Dogmatismo e tolerância. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
Alves, R. Religião e repressão. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
Azevedo, M. A Liberdade Cristã em Calvino: uma resposta ao mundo contemporâneo. 2007. Tese (Doutorado em Teologia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Doi: https://doi.org/10.17771/ pucrio.acad.10042
Backus, I; Benedict, P. (org.). Calvin and his influence, 1509-2009. New York: Oxford University Press, 2011.
Badiou, A. São Paulo: a fundação do universalismo. São Paulo: Boitempo, 2009.
Baron, L.; Linhares, B. “A política como conflito: a noção de antagonismo na teoria de Ernesto Laclau”. Revista Em Tese, v. 17, n. 2, p. 189-206, 2020. Doi: https://doi.org/10.5007/1806-5023.2020v17n2p189
Bell Jr., D. M. Divinations: Theopolitics in an age of terror. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2017. E-book.
Bíblia Sagrada. Edição Pastoral; Vv. Aa. São Paulo: Paulus, 2017. E-book.
Biéler, A. A força oculta dos protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
Biéler, A. O pensamento econômico e social de Calvino. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1990.
Burity, J. Conservative wave, religion and the secular state in post-impeachment Brazil. International Journal of Latin American Religions, v. 4, p. 83-107, 2020a. Doi: https://doi.org/10.1007/S41603-020-00102-6
Burity, J. Discurso, política e sujeito na teoria da hegemonia de Ernesto Laclau. In: Mendonça, D.; Rodrigues, L. P. 2014. Pós-estruturalismo e teoria do discurso: em torno de Ernesto Laclau. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. p. 59-74.
Burity, J. El pueblo evangelico construcción hegemónica disputas minoritarias y reacción conservadora. Encartes Antropológicos, v. 3, n. 6, p. 1-35, 2020b. Disponível em: https://ia601905.us.archive.org/18/items/encartes-vol- 3-num-6/encartes-vol-3-num-6.pdf. Acesso em: 2 dez. 2020.
Busch, E. Igreja e política na tradição reformada. In: McKin, D. K. (org.) Grandes temas da tradição reformada. São Paulo: Associação Evangélica Literária Pendão Real, 1998. p. 160-175.
Calvino, J. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo: Editora UNESP, 2008.
Calvino, J. A Instituição da Religião Cristã, Tomo II, Livros III e IV. São Paulo: Editora UNESP, 2009.
Calvino, J. As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v. 4.
Carvalho, G. Eu subestimei a ameaça bolsonarista. Blog Guilherme de Carvalho. [S. l.], 10 jan. 2023. Disponível em: https://guilhermedecarvalho.com.br/2023/01/10/eu-subestimei-a-ameaca-bolsonarista/. Acesso em: 21 jan. 2023.
Cavalcante, R. Teologia Protestante brasileira: as “luzes” e as “sombras” de um discurso paradoxal do sagrado. In: Leonel Ferreira, J. C. Novas perspectivas sobre o protestantismo brasileiro. São Paulo: Fonte Editorial, 2009. cap. 2, p. 47-92.
Cervantes-Ortiz, L. As ideias políticas de Calvino segundo Denis Crouzet. Teologia e Sociedade, v. 1, n. 6, p. 110-117, 2009.
Conferência com Vladimir Safatle. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (49 min). Publicado pelo canal Diálogos Contemporâneos. Disponível em: https://youtu.be/N-oCKyLwxug. Acesso em: 12 abr. 2021.
Elliott, N. Ideological Closure in the Christ-Event: A Marxist Response to Alain Badiou’s Paul. In: Harink, D. Paul, Philosophy, and the Theopolitical Vision: Critical Engagements with Agamben, Badiou, Zizek, and Others. Eugene, Oregon: CASCADE Books, 2010. cap. 6, p. 135-154.
Fernandes Silva, C. Despentecostalização: um estudo sobre mudanças sócio-religiosas na Igreja Cristã Nova Vida. 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade do Estado do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
Foucault, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
Foucault, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2021.
Foucault, M. Segurança, território, população. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2020.
Gordon, B. John Calvin’s institutes of the christian religion. New Jersey: Princeton University Press, 2016. E-book.
Gouvêa, R. Q. A piedade pervertida. São Paulo: Grapho Editores, 2006.
Gouvêa, R. Q. O Lado bom do calvinismo: ensaios acerca de um Calvinismo Saudável. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
Graf, F. W. Calvin in the plural, the diversity of modern interpretations of Calvinism, especially in Germany and the English-Speaking world. In: Backus, I.; Benedict, P. (org.). Calvin and his influence: 1509-2009. New York: Oxford University Press, 2011. cap. 12, p. 255-266.
Hall, S. Quem precisa da identidade? In: Silva, T. T. (org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
Harink, D. (org.). Paul, Philosophy, and the Theopolitical Vision: Critical Engagements with Agamben, Badiou, Zizek, and Others. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2010. E-book.
Hiebert, K. G. The architectonics of hope violence, apocalyptic, and the transformation of political theology. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2017. E-book.
Hill, C. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a revolução inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Höpfl, H. M. The Ideal of Aristocratia Politiae Vicina in the Calvinist Political Tradition. In: Backus, I.; Benedict, P. (org.). Calvin and his influence: 1509-2009. New York: Oxford University Press, 2011. cap. 2, p. 46-66.
Kroeker, T. Living “As If Not”: Messianic Becoming or the Practice of Nihilism. In: Harink, D. Paul, Philosophy, and the Theopolitical Vision: Critical Engagements with Agamben, Badiou, Zizek, and Others. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2010. cap. 2, p. 37-63.
Kuyper, A. Calvinismo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2022.
Kuyper, A. O problema da pobreza: a questão social e a religião cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020.
Laclau, E. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2018.
Laclau, E.; Mouffe, C. Hegemonia e estratégia socialista. São Paulo: Intermeios, 2015.
Löwy, M. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. São Paulo: Boitempo, 2005.
Marx, K. Sobre a questão judaica. São Paulo: Boitempo, 2010.
Mata, S. Religião e modernidade em Ernst Troeltsch. Tempo Social, v. 20, n. 2, p. 235-255, 2008. Doi: https://doi. org/10.1590/S0103-20702008000200012
McGrath, A. A vida de João Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
Muller, R. A. The unaccommodated Calvin: Studies in the foundation of a theological tradition. New York: Oxford University Press, 2001.
Novais, T. M. Fazendo teologia pública a partir da cosmovisão cristã integral. Revista Bona Conscientia, v. 2, n. 1, p. 161-187, 2019. Disponível em: https://www.academia.edu/40799013/FAZENDO_TEOLOGIA_P%C3%9ABLICA_A_ PARTIR_DA_COSMOVIS%C3%83O_CRIST%C3%83_INTEGRAL Acesso em: 20 jan. 2023.
Novais, T. M. Neocalvinismo. São Paulo: Mundo Cristão, 2022.
O que é neocalvinismo? [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (1 h 17 min). Publicado pelo canal Resistência Reformada. Facebook: resistenciareformada.org. Disponível em: https://www.facebook.com/rreformada20/videos/243800830598082. Acesso em: 12 abr. 2021.
Pacheco, R. Quem são os evangélicos calvinistas que avançam silenciosamente no governo Bolsonaro. The Intercept, Brasil, 4 fev. 2020. Disponível em: https://theintercept.com/2020/02/04/evangelicos-calvinistas-bolsonaro. Acesso em: 2 dez. 2020.
Pierucci, A. F. O desencantamento do mundo: todos os passos do conceito em Max Weber. São Paulo: Editora 34, 2003.
Pierucci, A. F. Secularização em Max Weber: da contemporânea serventia de voltarmos a acessar aquele velho sentido. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 13, n. 37, p. 43-73, 1998. Doi: https://doi.org/10.1590/S0102- 69091998000200003
Pobreza e riqueza em Calvino - BTCast 393. Entrevistado: Marcelo Bueno. [Locução de]: Rodrigo Bibo. [S. l.]: BTCast | Bibotalk, 30 mar. 2021. Podcast. Disponível em: https://bibotalk.com/podcast/pobreza-e-riqueza-em-calvino-btcast-393/. Acesso em: 4 abr. 2021.
Py, F. Protestantes tradicionais no governo Bolsonaro e o mal banal das pessoas comuns. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 19 jul. 2020, Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/601080-protestantes-tradicionais-no-governo-bolsonaro-e-o-mal-banal-das-pessoas-comuns-artigo-de-fabio-py. Acesso em: 2 abr. 2023.
Rancière, J. O desentendimento - política e filosofia. São Paulo: Editora 34, 1996.
Reid, W. S. (org.). Calvino e sua influência no mundo ocidental. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1990.
Rosario Rodríguez, R. Calvino ou o Calvinismo: reivindicando a tradição reformada para a América Latina. In: Faria, E. G. (org.). João Calvino e o Calvinismo. São Paulo: Pendão Real, 2013. cap. 10, p. 187-224.
Safatle, V. Dar corpo ao impossível: o sentido da dialética a partir de Theodor Adorno. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2019.
Silvestre, A. Calvino: o potencial revolucionário de um pensamento. São Paulo: Editora Vida, 2009.
Smith, J. K. A. Cartas a um jovem calvinista: um convite à tradição reformada. Brasília, Editora Monergismo, 2014. E-book.
Sousa, R. F. As Escrituras. In: Bueno, M. M. (org.). O legado de Calvino: a influência calvinista na teoria e na práxis humanas contemporâneas. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2021. E-book.
Souza, R. A tradição calvinista é intolerante? Uma breve contribuição à análise crítica da autorreferencialidade reformada. Reflexão, v. 45, e204792, 2020. Doi: https://doi.org/10.24220/2447-6803v45e2020a4792
Souza, R. Gênero e ideologia entre evangélicos brasileiros. São Paulo: Intermeios, 2019.
Souza, R.; Silva, J. Conservadorismos, fundamentalismo protestante e democracia no Brasil: uma compreensão em chave pós-estruturalista. Religião e Sociedade, v. 42, n. 1, p. 37-60, 2022. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/0100- 85872021v42n1cap02
Weber, M. A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Willaime, J. Sociologia das religiões. São Paulo: Editora Unesp, 2012.
Williams, J. Pós-estruturalismo. Petrópolis: Vozes, 2012.
Winn, A. C. A tradição reformada e a teologia da libertação. In: McKim, D. K. (org.). Grandes temas da tradição reformada. São Paulo: Pendão Real, 1998. p. 346-357.
Zerbe, G. On the exigency of a messianic ecclesia: An engagement with philosophical readers of Paul. In: Harink, D. Paul, Philosophy, and the Theopolitical Vision: Critical Engagements with Agamben, Badiou, Zizek, and Others. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2010. cap.11, p. 254-281.
Zižek, S. A marioneta e o anão: o cristianismo: entre perversão e subversão. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2006.
Žižek, S. Menos que nada: Hegel e a sombra do materialismo dialético. São Paulo: Boitempo, 2013.
Žižek, S. O sujeito incômodo: o centro ausente da ontologia política. São Paulo: Boitempo, 2016.
Žižek, S.; Gunjevic, B. O sofrimento de Deus: inversões do Apocalipse. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Robson da Costa de Souza, Jefferson Evânio da Silva

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.