Monstros nas fronteiras da cultura: das alteridades impensáveis

Autores

  • Elizangela Aparecida Soares Universidade Metodista de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.24220/2447-6803v46e2021a5533

Resumo

Este artigo discute aspectos da concepção sobre “raças monstruosas” que, no imaginário antigo e medieval, habitavam as bordas do mundo conhecido. Com isso, espera-se explicitar um tipo de construção do “outro” – sua identidade e representação –, via imaginário do monstro, isto é, a forma literal na qual estranhas criaturas incorporam a diferença/alteridade. Parte-se da premissa de que monstros operam primariamente em formas de imaginário que são mobilizadas por estratégias de representação. Dito de outra maneira, a corporeidade anormal e híbrida dos monstros inventados tem consequências reais para a percepção (horror e fascínio, rejeição e reconhecimento) nas relações eu-outro que se concretizam no mundo tangível. Desse modo, a conjugação entre fisicalidade, expressões de identidade e manutenção de fronteiras determina, entre outros comportamentos, visões pré-concebidas e distorcidas do outro e sua cultura, assim como cria certos estereótipos que são perpetuados pela cristalização do que uma vez fora apenas uma manifestação do imaginário.

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Biografia do Autor

Elizangela Aparecida Soares, Universidade Metodista de São Paulo

Universidade Metodista de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Rua do Sacramento, 230, Rudge Ramos, 09640-000, São Bernardo do Campo, SP, Brasil. E-mail: <para.eliz@gmail.com>.

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Publicado

2021-12-22

Como Citar

Soares, E. . A. (2021). Monstros nas fronteiras da cultura: das alteridades impensáveis. Reflexão, 46, 1–12. https://doi.org/10.24220/2447-6803v46e2021a5533