Nomear e estigmatizar: inferências sobre as implicações do uso do termo fundamentalismo como categorizador de identidade dos seguidores do Islã

Autores/as

  • Patrícia Simone do Prado Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n1a3801

Palabras clave:

Categorização. Fundamentalismo. Identidade. Islã.

Resumen

A proposta deste artigo é apresentar os resultados da pesquisa realizada entre os anos de 2011-2012 no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tendo como ponto de partida o questionamento se o uso do termo “fundamentalismo” aplicado ao Islã estigmatizaria e fixaria a identidade performativa de seus seguidores, procurou-se compreender as nomeações e categorizações aplicadas a esses e as implicações na construção identitária dos mesmos. O interesse encontrava-se na ideia de que essas categorias e nomeações interferem na imagem e nas relações sociais entre nomeados e nomeadores gerando reações distintas. Em O Mundo Nos Nomeia: O fundamentalismo religioso no Islã e a categorização de uma identidade performativa, título da pesquisa em questão, utilizou-se tanto de referencial teórico como de empírico. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas com muçulmanos da vertente xiita residentes nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu. As perguntas foram norteadas a partir de três eixos temáticos, a saber: a religião, o uso do termo fundamentalismo e as implicações que esse termo causa aos seguidores do Islã. Percebeu-se, neste estudo, que a identidade, a nomeação ou categorização de determinados grupos ou pessoas é um processo contextual, no qual intenções e ideologias distintas encontram-se interligadas em movimentos que ora tendem para a resistência ora para a radicalização. Concluiu-se que os muçulmanos se identificam como fundamentalistas, porém, desde que este termo passou a ser vinculado ao terrorismo, acreditam que não deve ser utilizado para nomeá-los. 

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Biografía del autor/a

Patrícia Simone do Prado, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Departamento de Relações Internacionais, Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Av. Brasil 2023, 8º andar - Ed. Dom Cabral - Prédio 1 – Unidade Educacional Praça da Liberdade – Funcionários, 30140-002, Belo Horizonte, MG, Brasil.

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p.363-365.

Publicado

2017-12-11

Cómo citar

Prado, P. S. do. (2017). Nomear e estigmatizar: inferências sobre as implicações do uso do termo fundamentalismo como categorizador de identidade dos seguidores do Islã. Reflexão, 42(1), 45–57. https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n1a3801