O 11 de setembro, 20 anos depois: impactos na religião e na cultura ocidental
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v46e2021a5324Palavras-chave:
11 de setembro. Discurso do apocalipse. Fundamentalismo. Intolerância religiosas.Resumo
O dia 11 de setembro de 2001 foi um marco na história contemporânea. O ataque de terroristas às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington D.C., que causou milhares de mortes, pegou os Estados Unidos e o mundo de surpresa. Os poderes que estavam estabelecidos se viram sacudidos, minados por dentro, vulneráveis. O mundo nunca mais seria o mesmo. Medidas drásticas de combate ao terror foram adotadas, dentro e fora dos Estados Unidos da América (EUA), culminando com a invasão ao Iraque e com a execução de Bin Laden. No entanto, estes trágicos eventos não apenas expuseram as tensões, antigas e novas, da política internacional. Eles reavivaram estruturas imagéticas e sensibilidades religiosas do passado, da compreensão da história como um perscrutar por inimigos, por identificar seus agentes, de fornecer subsídios ideológicos para a luta do bem contra o mal, para aniquilação do chamado eixo do mal. Novas formas de pensamento dualista e fundamentalista emergiram inspirados de suas raizes religiosas ocidentais, de imagens adormecidas prontas para serem atualizadas. Neste dossiê da revista Reflexão, perguntamo-nos pelas mudanças no campo religioso 20 anos depois do 11 de setembro. Como passamos a perceber os conflitos políticos a partir de esquemas dualistas da imaginação apocalíptica após a experiência da visão concomitante da catástrofe? A experiência de testemunhar uma “praga do final dos tempos”, ao vivo, nos tornou mais vigilantes, inquietos, insones? Esse olhar vigilante nos tornou mais sensíveis à presença sempre iminente do inimigo? Nossos padrões de identificação dos agressores de nossas estruturas sociais se tornaram mais rigorosos, intransigentes? Com essas questões colocadas, buscamos abrir o debate.
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