É necessário termos algum sol dentro de nós

Etty Hillesum e a Literatura (de testemunho) como amor aos pósteros

Autores

  • Maria Simone Marinho Nogueira Universidade Estadual da Paraíba, Departamento de Filosofia, Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade https://orcid.org/0000-0003-1141-3911

DOI:

https://doi.org/10.24220/2447-6803v49a2024e13293

Palavras-chave:

Amor, Cartas, Etty Hillesum, Humanidade, Literatura de testemunho

Resumo


Nosso objetivo neste estudo é, de forma geral, oferecer uma leitura possível das cartas de Etty Hillesum, já que a maioria dos estudos no Brasil que existem sobre esta escritora se concentra em seus diários. De maneira mais específica, buscamos responder a algumas perguntas, dentre estas, a de como pensar na correspondência desta mulher de espiritualidade bastante desenvolvida o que a teoria literária denomina por Literatura de Testemunho, uma vez que a sua escrita tem algumas particularidades que escapam estritamente àquela classificação. Propomos pensar, além disso, como a sua escrita reveste-se por uma preocupação com o futuro da humanidade e tem por base o amor de Hillesum pelos pósteros. A metodologia utilizada abarcou uma leitura crítico-analítica das cartas, seguida de perto pelos estudos sobre Etty Hillesum, onde utilizamos, majoritariamente, os textos de Maria Clara Bingemer com o intuito de pontuar um pouco do seu grande legado. Os resultados aos quais chegamos mostram a escrita de Hillesum como um testemunho importante de um tempo, enquanto se diferencia dos muitos textos lidos à luz da Literatura de Testemunho, uma vez que, para além da dor e do horror, encontramos na sua escrita também o humor, o amor e a beleza.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Agamben, G. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). Tradução de Selvino José Assmann. São Paulo: Boitempo, 2008.

Agostinho. Confissões. Tradução de Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2001.

Bíblia de Jerusalém. Tradução de Sociedade Bíblica Católica. Paulus: São Paulo, 1985.

Bingemer, M. C. Três mulheres judias diante do holocausto. In: Bingemer, M. C. A argila e o espírito. Ensaios sobre ética, mística e poética. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. p. 213-264.

Bingemer, M. C. Mística e profecia no feminino: notas para ler algumas místicas contemporâneas. Rhema, Revista de Filosofia e Teologia, v. 15, n. 48-50, p. 149-180, 2011.

Bingemer, M. C. A liberdade do espírito em duas escritoras místicas contemporâneas: Etty Hillesum e Adélia Prado. In: Bingemer, M. C. Teologia e Literatura. Afinidades e segredos compartilhados. Petrópolis: Vozes, 2015. p. 240-269.

Bingemer, M. C. Etty Hillesum: teopoética e testemunho. Teoliterária, v. 13, n. 31, p. 73-95, 2023. Doi: https://doi.org/10.23925/2236-9937.2023v31p73-95.

Boécio. A consolação da filosofia. Tradução de Willian Li. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Contaldo, S. M. Agostinho: a inquietação como fonte. Revista Internacional de Estudos Agostinianos, v. 8, p. 9-22, 2019.

Gaarlandt, J. G.; Holland, H. Introduction and notes. In: Hillesum, E. An Interrupted Life. The Diaries, 1941-1943 and Letters from Westerbork. Translated by A. Pomerans. New York: Henry Holt and Company, 1996. p. xiii-xxiv.

Gagnebin, J. M. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

Halbwachs, M. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.

Hillesum, E. Uma vida interrompida. Os Diários de Etty Hillesum (1941-43). Tradução de Antônio. C. G. Pena. São Paulo: Record, 1981.

Hillesum, E. An Interrupted Life. The Diaries, 1941-1943 and Letters from Westerbork. Translated by A. Pomerans. New York: Henry Holt and Company, 1996.

Hillesum, E. Una vida conmocionada: Diario 1941-1943. Traducción de Manuel Sánchez. Romero. Rubí (Barcelona): Anthropos Editorial, 2007.

Hillesum, E. Cartas (1941-1943). Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

Hillesum, E. Diario. 1941-1943. Traduzione di Chiara Passanti; Tina Montone. Milano: Adelphi, 2012. (Edizione integrale a cura di J. G. Gaarlandt).

Hillesum, E. Uma vida interrompida. Diário de Etty Hillesum, 1941-43. Tradução de Mariângela Guimarães. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2019.

Nogueira, M. S. M. Por um Deus que seja poeta: escrita e oração em Etty Hillesum. In: Silva, A. A. R. (org.). Filosofia, literatura e religião: ensaios. Macapá: UNIFAP, 2021. p. 27-51.

Salgueiro, W. O que é literatura de testemunho (E considerações em torno de Graciliano Ramos, Alex Polari e André Du Rap). Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, v. 19, n. 31, p. 284-303, 2012.

Santos, J. V. Etty Hillesum, a voz que se ergue das sombras como brasa e reinventa a esperança. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, v. 531, 2018. Disponível em: https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/7475-ettyhillesum-a-voz-que-se-ergue-das-sombras-como-brasae-reinventa-a-esperanca. Acesso em: 10 mar. 2024.

Seligmann-Silva, M. O local do testemunho. Tempo & Argumento, v. 2, n. 1, p. 3-20, 2010. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/1894. Acesso em: 24 abr. 2024.

Seligmann-Silva, M. Literatura de testemunho: os limites entre a construção e a ficção. Letras, v. 16, p. 9-37, 1998. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11482. Acesso em: 24 abr. 2024.

Sófocles. Antígona. In: Sófocles. A trilogia tebana. Édipo rei, Édipo em Colono e Antígona. 8. ed. Tradução de Mário da Gama Kury. Rio de janeiro: Zahar Ed, 1998.

Teresa de Jesus. Castelos interior ou moradas. Tradução das Carmelitas Descalças do Convento de Santa Teresa. Rio de Janeiro: Paulus, 1981.

Weil, S. L’enracinement. Prélude à une déclaration des devoirs envers l’être human. Paris: Les Éditions Gallimard, 1949.

Wilkomirski, B. Fragmentos: memórias de infância 1939-1948. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Downloads

Publicado

2024-11-25

Como Citar

Marinho Nogueira, M. S. (2024). É necessário termos algum sol dentro de nós: Etty Hillesum e a Literatura (de testemunho) como amor aos pósteros. Reflexão, 49. https://doi.org/10.24220/2447-6803v49a2024e13293

Edição

Seção

Dossiê: Homenagem à Profa. Maria Clara Lucchetti Bingemer