É necessário termos algum sol dentro de nós
Etty Hillesum e a Literatura (de testemunho) como amor aos pósteros
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v49a2024e13293Palavras-chave:
Amor, Cartas, Etty Hillesum, Humanidade, Literatura de testemunhoResumo
Nosso objetivo neste estudo é, de forma geral, oferecer uma leitura possível das cartas de Etty Hillesum, já que a maioria dos estudos no Brasil que existem sobre esta escritora se concentra em seus diários. De maneira mais específica, buscamos responder a algumas perguntas, dentre estas, a de como pensar na correspondência desta mulher de espiritualidade bastante desenvolvida o que a teoria literária denomina por Literatura de Testemunho, uma vez que a sua escrita tem algumas particularidades que escapam estritamente àquela classificação. Propomos pensar, além disso, como a sua escrita reveste-se por uma preocupação com o futuro da humanidade e tem por base o amor de Hillesum pelos pósteros. A metodologia utilizada abarcou uma leitura crítico-analítica das cartas, seguida de perto pelos estudos sobre Etty Hillesum, onde utilizamos, majoritariamente, os textos de Maria Clara Bingemer com o intuito de pontuar um pouco do seu grande legado. Os resultados aos quais chegamos mostram a escrita de Hillesum como um testemunho importante de um tempo, enquanto se diferencia dos muitos textos lidos à luz da Literatura de Testemunho, uma vez que, para além da dor e do horror, encontramos na sua escrita também o humor, o amor e a beleza.
Downloads
Referências
Agamben, G. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). Tradução de Selvino José Assmann. São Paulo: Boitempo, 2008.
Agostinho. Confissões. Tradução de Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2001.
Bíblia de Jerusalém. Tradução de Sociedade Bíblica Católica. Paulus: São Paulo, 1985.
Bingemer, M. C. Três mulheres judias diante do holocausto. In: Bingemer, M. C. A argila e o espírito. Ensaios sobre ética, mística e poética. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. p. 213-264.
Bingemer, M. C. Mística e profecia no feminino: notas para ler algumas místicas contemporâneas. Rhema, Revista de Filosofia e Teologia, v. 15, n. 48-50, p. 149-180, 2011.
Bingemer, M. C. A liberdade do espírito em duas escritoras místicas contemporâneas: Etty Hillesum e Adélia Prado. In: Bingemer, M. C. Teologia e Literatura. Afinidades e segredos compartilhados. Petrópolis: Vozes, 2015. p. 240-269.
Bingemer, M. C. Etty Hillesum: teopoética e testemunho. Teoliterária, v. 13, n. 31, p. 73-95, 2023. Doi: https://doi.org/10.23925/2236-9937.2023v31p73-95.
Boécio. A consolação da filosofia. Tradução de Willian Li. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Contaldo, S. M. Agostinho: a inquietação como fonte. Revista Internacional de Estudos Agostinianos, v. 8, p. 9-22, 2019.
Gaarlandt, J. G.; Holland, H. Introduction and notes. In: Hillesum, E. An Interrupted Life. The Diaries, 1941-1943 and Letters from Westerbork. Translated by A. Pomerans. New York: Henry Holt and Company, 1996. p. xiii-xxiv.
Gagnebin, J. M. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.
Halbwachs, M. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.
Hillesum, E. Uma vida interrompida. Os Diários de Etty Hillesum (1941-43). Tradução de Antônio. C. G. Pena. São Paulo: Record, 1981.
Hillesum, E. An Interrupted Life. The Diaries, 1941-1943 and Letters from Westerbork. Translated by A. Pomerans. New York: Henry Holt and Company, 1996.
Hillesum, E. Una vida conmocionada: Diario 1941-1943. Traducción de Manuel Sánchez. Romero. Rubí (Barcelona): Anthropos Editorial, 2007.
Hillesum, E. Cartas (1941-1943). Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.
Hillesum, E. Diario. 1941-1943. Traduzione di Chiara Passanti; Tina Montone. Milano: Adelphi, 2012. (Edizione integrale a cura di J. G. Gaarlandt).
Hillesum, E. Uma vida interrompida. Diário de Etty Hillesum, 1941-43. Tradução de Mariângela Guimarães. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2019.
Nogueira, M. S. M. Por um Deus que seja poeta: escrita e oração em Etty Hillesum. In: Silva, A. A. R. (org.). Filosofia, literatura e religião: ensaios. Macapá: UNIFAP, 2021. p. 27-51.
Salgueiro, W. O que é literatura de testemunho (E considerações em torno de Graciliano Ramos, Alex Polari e André Du Rap). Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, v. 19, n. 31, p. 284-303, 2012.
Santos, J. V. Etty Hillesum, a voz que se ergue das sombras como brasa e reinventa a esperança. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, v. 531, 2018. Disponível em: https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/7475-ettyhillesum-a-voz-que-se-ergue-das-sombras-como-brasae-reinventa-a-esperanca. Acesso em: 10 mar. 2024.
Seligmann-Silva, M. O local do testemunho. Tempo & Argumento, v. 2, n. 1, p. 3-20, 2010. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/1894. Acesso em: 24 abr. 2024.
Seligmann-Silva, M. Literatura de testemunho: os limites entre a construção e a ficção. Letras, v. 16, p. 9-37, 1998. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11482. Acesso em: 24 abr. 2024.
Sófocles. Antígona. In: Sófocles. A trilogia tebana. Édipo rei, Édipo em Colono e Antígona. 8. ed. Tradução de Mário da Gama Kury. Rio de janeiro: Zahar Ed, 1998.
Teresa de Jesus. Castelos interior ou moradas. Tradução das Carmelitas Descalças do Convento de Santa Teresa. Rio de Janeiro: Paulus, 1981.
Weil, S. L’enracinement. Prélude à une déclaration des devoirs envers l’être human. Paris: Les Éditions Gallimard, 1949.
Wilkomirski, B. Fragmentos: memórias de infância 1939-1948. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Maria Simone Marinho Nogueira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.