Densidade energética de refeições oferecidas em empresas inscritas no Programa de Alimentação do Trabalhador no município de São Paulo

Autores

  • Daniela Silva CANELLA Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, Departamento de Nutrição
  • Daniel Henrique BANDONI Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Ciências da Sáude
  • Patrícia Constante JAIME Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Ciências da Sáude

Palavras-chave:

Alimentação coletiva, Ambiente de trabalho, Ingestão de energia, rogramas e políticas de nutrição e alimentação, Serviços de alimentação

Resumo

Objetivo
Estimar a densidade energética de refeições ofertadas em amostra de empresas inscritas no Programa de Alimentação do Trabalhador e os fatores a ela associados e avaliar a relação entre densidade energética e oferta de nutrientes.
Métodos
Estudo transversal envolvendo 21 empresas na cidade de São Paulo. A densidade energética das refeições foi calculada por dois métodos: inclusão dos alimentos sólidos e bebidas (densidade energética 1); e inclusão dos alimentos sólidos e exclusão das bebidas (densidade energética 2). Os valores médios para energia (kcal) e para o peso dos alimentos e bebidas (g) foram obtidos pela avaliação do cardápio do almoço em três dias consecutivos. As análises estatísticas foram realizadas por meio de testes não paramétricos.
Resultados
A mediana para densidade energética 1 foi 1,10kcal/g e para densidade energética 2 foi 1,43kcal/g. Das empresas estudadas, 76,2% eram do setor industrial; em 57,9%, a maioria dos funcionários recebia até cinco salários-mínimos; 85,7% das unidades de alimentação e nutrição das empresas eram terceirizadas; 71,4% contavam com nutricionista e 61,9% realizam planejamento de cardápio, sendo essa a única diferença significante observada entre a densidade energética 2 e os setores de atividade econômica (p=0,039). Em relação ao aporte de nutrientes das refeições, observou-se correlação positiva entre densidade energéticas 1 e oferta de proteína, gordura total e fibra, e entre densidade energetica 2 e oferta de gordura total e gordura saturada.
Conclusão
É necessário que as empresas cadastradas no Programa de Alimentação do Trabalhador melhorem a qualidade das refeições oferecidas aos trabalhadores, atentando para a redução da oferta de gordura total, nutriente bastante correlacionado à alta densidade energética.

Referências

Claro RM, Levy RB, Bandoni DH. Influência da renda sobre as despesas com alimentação fora do domicílio, no Brasil, 2002-2003. Cad Saúde Pública. 2009; 25(11):2489-96.

Guthrie JF, Lin BH, Frazao E. Role of food prepared away from home in the American diet 1977-78 versus 1994-96: changes and consequences. J Nutr Educ Behav. 2002; 34(3):140-50.

Bezerra IN, Sichieri R. Eating out of home and obesity: a Brazilian nationwide survey. Public Health Nutr. 2009; 12(11):2037-43.

Ministério do Trabalho e Emprego. Inspeção do Trabalho. Programa de Alimentação do Trabalhador. Relatórios e gráficos do PAT [acesso em 2011 fev 16]. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/sistemas/pat/relatorios2008/RelTotalPAT.asp>.

Savio KEO, Costa THM, Miazakib E, Schmitz BAS. Avaliação do almoço servido a participantes do programa de alimentação do trabalhador. Rev Saúde Pública. 2005; 39(2):148-55.

Geraldo APG, Bandoni DH, Jaime PC. Aspectos dietéticos das refeições oferecidas por empresas participantes do Programa de Alimentação do Trabalhador na Cidade de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008; 23(1):19-25

Veloso IS, Santana VS. Impacto nutricional do programa de alimentação do trabalhador no Brasil. Rev Panam Salud Pública. 2002; 11(1):24-31.

Veloso IS, Santana VS, Oliveira NF. Programas de alimentação para o trabalhador e seu impacto sobre ganho de peso e sobrepeso. Rev Saúde Pública. 2007; 41(5):769-76

Sarno F, Bandoni DH, Jaime PC. Excesso de peso e hipertensão arterial em trabalhadores de empresas beneficiadas pelo PAT. Rev Bras Epidemiol. 2008; 11(3):453-62.

Crowe TC, La Fontaine HA, Gibbons CJ, CameronSmith D, Swinburn BA. Energy density of foods and beverages in the Australian food supply: influence of macronutrients and comparison to dietary intake. Eur J Clin Nutr. 2004; 58(11):1485-91.

Cox DN, Mela DJ. Determination of energy density of freely selected diets: methodological issues and implications. Int J Obes. 2000; 24(1):49-54.

Drewnowski A. The role of energy density. Lipids. 2003; 38(2):109-15.

Rolls BJ. The relationship between dietary energy density and energy intake. Physiol Behav. 2009; 97(5):609-15.

Bandoni DH, Sarno F, Jaime PC. Impact of an environmental intervention on the availability and consumption of fruits and vegetables in workplace cafeterias. Public Health Nutr. 2011; 14(6):975-81.

Ledikwe JH, Blanck HM, Khan LK, Serdula MK, Seymour JD, Tohill BC, et al. Dietary energy density determined by eight calculation methods in a nationally representative United States population. J Nutr. 2005; 135:273-8.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudo Nacional de Despesas Familiares - ENDEF, 1974-1975. Rio de Janeiro: IBGE; 1978.

Universidade de Campinas. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Tabela brasileira de composição de alimentos: versão II. 2ª ed. Campinas: Unicamp; 2006.

United States Departament of Agriculture. Nutrient Data Laboratory [cited 2006 Nov]. Available from: <http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/>.

Araújo MOD, Guerra TMM. Alimentos “per capita”. 2ª ed. Natal: UFRN; 1995

Fisberg RM, Villar BS. Manual de receitas e medidas caseiras para cálculo de inquéritos alimentares. São Paulo: Signus; 2002.

Ornellas LH. Preparo de alimentos na cozinha e/ou laboratório dietético. In: Ornellas LH. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 8ª ed. São Paulo: Atheneu; 2007. p.41-57.

Paulino EGF. Controle de custos. In: Silva SMCS, Martinez S. Cardápio: guia prático para a elaboração. 2ª ed. São Paulo: Roca; 2008. p.113-32

World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Report. Geneva: WHO; 2003. WHO - Technical Report Series, 916.

Kant AK, Graubard BI. Energy density of diets reported by American adults: association with food group intake, nutrient intake, and body weight. Int J Obes. 2005; 29:950-6.

Howarth NC, Murphy SP, Wilkens LR, Hankin JH, Kolonel LN. Dietary energy density is associated with overweight status among 5 ethnic groups in the Multiethnic Cohort Study. J Nutr. 2006; 136: 2243-8.

World Cancer Research Fund. American Institute for Cancer Research. Food, nutrition, physical activity, and the prevention of cancer: a global perspective. Washington (DC):AICR; 2007.

Lipi M. Densidade energética da dieta de trabalhadores de uma indústria da região metropolitana de São Paulo [dissertação]. São Paulo: USP; 2008.

Stella, RH. Densidade energética: relação com variáveis demográficas, de estilo de vida, nutricionais e socioeconômicas em amostra representa tiva da população adulta do Município de São Paulo [dissertação]. São Paulo: USP; 2008.

Maranhão PA, Vasconcelos RM. Análise do cardápio servido no almoço de uma UAN de acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Nutr Pauta. 2008; 88(1):56-61.

Salas CKTS, Spinelli MGN, Kawashima LM, Ueda AM. Teores de sódio e lipídios em refeições almoço consumidas por trabalhadores de uma empresa do município de Suzano, SP. Rev Nutr. 2009; 22(3): 331-339. doi: 10.1590/S1415-52732009000300 003.

Levy-Costa RB, Sichieri R, Pontes NS, Monteiro CA. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Rev Saúde Pública. 2005; 39(4):530-40.

Popkin BM. Patterns of beverage use across the lifecycle. Physiol Behav. 2010; 100(1):4-9.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: MS; 2006. Série A: Normas e Manuais Técnicos.

Downloads

Publicado

27-09-2023

Como Citar

CANELLA, D. S., BANDONI, D. H. ., & JAIME, P. C. (2023). Densidade energética de refeições oferecidas em empresas inscritas no Programa de Alimentação do Trabalhador no município de São Paulo. Revista De Nutrição, 24(5). Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9851

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS