O corpo para o trabalho de marisqueira e o significado da obesidade

Autores

Palavras-chave:

Saúde, Obesidade, Estigma social, Mulheres

Resumo

Objetivo
Compreender a relação entre o corpo e o trabalho de marisqueiras da Ilha de Itaparica, Bahia sob a perspectiva da alimentação.

Métodos
Abordagem qualitativa, descritiva, de caráter analítico. Foram realizadas entrevistas individuais em profundidade e adotou-se também o diário de campo como uma ferramenta importante para o processo de imersão no campo-tema. A análise das narrativas se deu a partir de aproximações com a hermenêutica-dialética.

Resultados
As participantes deste estudo são mulheres negras e mães, com idade entre 20 e 72 anos que encontram na mariscagem uma estratégia para o sustento familiar. A mariscagem é uma atividade intrínseca às pescadoras artesanais, na qual o aprendizado ocorre ainda na infância e se mantém ao longo da vida. As marisqueiras apresentam o comprometimento da mobilidade física decorrente do excesso de peso ou pelas condições derivadas. As pescadoras não consideram seus corpos obesos e/ou doentes, apesar da possibilidade de limitação na movimentação.

Conclusão
As marisqueiras deste estudo classificam o “corpo gordo” como corpo forte e o consideram essencial e propício para a execução das atividades inerentes ao trabalho pesqueiro.

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Publicado

10-06-2025

Como Citar

de Jesus, L. L., Pena, P. G. L., & Araújo, K. L. (2025). O corpo para o trabalho de marisqueira e o significado da obesidade. Revista De Nutrição, 37. Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/16161

Edição

Seção

Alimentação e Ciências Sociais