Representações sociais do crack na imprensa pernambucana

Autores

  • Maria de Fátima de Souza SANTOS Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia.
  • Manoel de Lima ACIOLI NETO Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia.
  • Yuri Sá Oliveira SOUSA Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia.

Palavras-chave:

Crack, Política pública, Representação social, Violência

Resumo

Este artigo teve como objetivo analisar as representações sociais sobre o crack veiculadas pelos jornais pernambucanos. O trabalho caracterizou-se como uma pesquisa documental, com base na análise de 283 matérias publicadas em jornais de ampla circulação na cidade do Recife, no período de janeiro de 2007 a abril de 2008. Os dados foram analisados por meio do software Alceste e da análise de conteúdo. Os resultados demonstraram que os discursos veiculados sobre o crack, por um lado, descrevem-no como uma droga relacionada a uma forte angústia e fragilidade do sujeito, e, de outro, como parte do narcotráfico, relacionando-o com a criminalidade. Essas representações, portanto, devem ser observadas, pois a elas podem estar associados discursos e práticas sociais que situam o usuário como sujeito desprovido de capacidade avaliativa de sua própria condição e de sua relação com a droga, podendo-se recair em práticas paternalistas e/ou violentas com os usuários.

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Publicado

2012-09-30

Como Citar

SANTOS, M. de F. de S., ACIOLI NETO, M. de L., & SOUSA, Y. S. O. (2012). Representações sociais do crack na imprensa pernambucana. Estudos De Psicologia, 29(3). Recuperado de https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/8795