Caracterização dos octogenários submetidos à cirurgia cardiovascular sob intervenção fisioterapêutica
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0897v21n1/6a1870Palavras-chave:
Complicações pós-operatórias, Fisioterapia, Idoso de 80 anos ou mais, Procedimentos cirúrgicos cardiovascularesResumo
Objetivo
Caracterizar a evolução de octogenários submetidos à cirurgia cardiovascular sob intervenção fisioterapêutica.
Métodos
Estudo prospectivo e quantitativo, desenvolvido a partir de levantamento dos prontuários de octogenários submetidos à cirurgia cardiovascular, sendo identificados a partir da programação cirúrgica e acompanhados até a alta hospitalar ou óbito.
Resultados
Estudaram-se 50 pacientes, idade média de 82±2 anos, 64% do sexo masculino. Antecedentes pré-operatórios predominantes incluíam hipertensão arterial sistêmica (84%), tabagismo (36%), dislipidemia (36%) e infarto agudo do miocárdio prévio (30%). Revascularização do miocárdio foi o procedimento cirúrgico mais frequente (58%). Deste total, 1 paciente foi a óbito no intraoperatório, 40 foram extubados com sucesso (grupo sem reitubação orotraqueal) e 9 necessitaram de reintubação (grupo reitubação orotraqueal). Observou-se alta incidência de complicações pós-operatórias, principalmente arritmias cardíacas (44%), derrame pleural e pneumonia (24%), e delirium (24%). O grupo reitubação orotraqueal tinha menores valores de fração de ejeção de ventrículo esquerdo e as pneumonias (80%), arritmias (70%), derrame pleural (60%) e delirium (50%) foram as complicações de maior incidência, o que elevou os tempos de intubação, de unidades de terapia intensiva, de internação hospitalar e a taxa de óbitos na comparação ao grupo sem reitubação orotraqueal (p<0,05). A fisioterapia foi aplicada em um maior número de sessões e de estratégias de pressão positiva não invasiva, principalmente naqueles com complicações pulmonares e neurológicas (p<0,05).
Conclusão
A cirurgia cardíaca em octogenários, apesar da alta incidência de comorbidades, tem resultados positivos. As complicações pós-operatórias de maior morbimortalidade ocorreram, sobretudo, naqueles pacientes que não conseguiram permanecer sem suporte ventilatório invasivo. Embora as complicações cardiovasculares tenham sido as mais frequentes, foram as pulmonares e neurológicas que demandaram maior atenção da equipe de fisioterapia.
Downloads
Referências
Iglésias JCR, Oliveira Jr JL, Lourenção Jr A, Stolf NAG. Preditores de mortalidade hospitalar no paciente idoso portador de doença arterial coronária. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2001; 16(2):94-104.
Pivatto Junior F, Kalil RAK, Costa AR, Pereira EMC, Santos EZ, Valle FH, et al. Morbimortalidade em octogenários submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Arq Bras Cardiol. 2010; 95(1):41-6.
Machado LB, Chiaroni S, Vasconcelos Filho PO, Auler Junior JOC, Carmona MJC. Incidência de cirurgia cardíaca em octogenários: estudo retrospectivo. Rev Bras Anestesiol. 2003; 53(5):646-53.
Pivatto Junior F, Valle FH, Pereira EM, Aguiar FMA, Henn NT, Behr PEB, et al. Sobrevida em longo prazo de octogenários submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica isolada. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2011; 26(1):21-6.
Fruitman DS, Macdougall CE, Ross DB. Cardiac surgery in octogenarians: Can elderly patients benefit? Quality of life after cardiac surgery. Ann Thorac Surg. 1999; 68(6):2129-35.
Tsai TP, Chaux A, Matloff JM, Kass RM, Gray RJ, De Robertis MA, et al. Ten-year experience of cardiac surgery in patients aged 80 years and over. Ann Thorac Surg. 1994; 58(2):445-51.
Anderson AJPG, Rego FX, Costa MA, Dantas LD, Hueb AC, Prata MF. Preditores de mortalidade em pacientes acima de 70 anos na revascularização do miocárdica ou troca valvar com circulação extracorpórea. Rev Bras Cardiol. 2011; 26(1):69-75.
Deininger MO, Oliveira OG, Guedes MGA, Deininger EDG, Cavalcanti ACW, Cavalcanti MGFW, et al. Cirurgia de revascularização do miocárdio no idoso: estudo descritivo de 144 casos. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1999; 14(2):88-97.
Hirose H, Amano A, Yoshida S, Takanashi A, Nagano N, Kohmoto T. Coronary artery by pass grafting in elderly. Chest. 2000; 117(5):1262-70.
Loures DRR, Carvalho RG, Mulinari L, Silva Jr AZ, Schmidlin CA, Brommelstroet M, et al. Cirurgia cardíaca no idoso. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2000; 15(1):1-5.
Ganem F. Arritmias no pós-operatório de cirurgia cardíaca. In: Auler Jr JOC, Oliveira AS, organizadores. Pós-operatório de cirurgia torácica e cardiovascular. Porto Alegre: Artmed; 2004.
Engoren M, Arslanian-Engoren C, Steckel D, Neihardt J, Fenn-Buderer N. Cost, outcome, and functional status in octogenarians and septuagenarians after cardiac surgery. Chest. 2002; 122(4):1309-15.
Vegni R, Almeida GF, Braga F, Freitas M, Drumond LE, Penna JK, et al. Complicações após cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes idosos. Rev Bras Ter Intensiva. 2008; 20(3):226-34.
Fergusson MK. Preoperative assessment of pulmonary risk. Chest. 1999; 115(5 Suppl):58S-63S.
Cohen M, Sahn SA. Resolution of pleural effusions. Chest. 2001; 119(5):1547-62.
Tockman MS. Aging of respiratory system. In: Hazzard WR, Bierman EL, editors. Principles of geriatric medicine and gerontology. New York: MacGraw-Hill; 1994.
Cavalheiro LV, Chiavegato LD. Avaliação pré-operatória do paciente cardiopata. In: Regenga MM, organizadora. Fisioterapia em cardiologia da unidade de terapia intensiva à reabilitação. São Paulo: Rocca; 2000.
Vasconcelos Filho PO, Carmona MJC, Auler Jr JOC. Peculiaridades no pós-operatório de cirurgia cardíaca no paciente idoso. Rev Bras Anestesiol. 2004; 54(5): 707-27.
Milani R, Brofman P, Varela A, Souza JA, Guimarães M, Pantarolli R, et al. Revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea em pacientes acima de
Anos. Arq Bras Cardiol. 2005; 84(1):34-7.
MacIntyre NR, Cook DJ, Ely EW, Epstein SK, Fink JB, Heffner JE, et al. Evidence-based guidelines for weaning and discontinuing ventilatory support. Respir Care. 2002; 47(1):69-90.
Malbouisson LMS, Carmona MJC, Auler Jr JOC. Assistência ventilatória no período pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca. In: Auler Jr JOC, Oliveira AS, editores. Pós-operatório de cirurgia torácica e cardiovascular. Porto Alegre: Artmed; 2004.
Laizo A, Delgado FEF, Rocha GM. Complicações que aumentam o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva na cirurgia cardíaca. Rev Bras Cardiol. 2010; 25(2):263-9.
Nozawa E, Azeka E, Feltrim MIZZ, Auler Júnior JOC. Factors associated with failure of weaning from longterm mechanical ventilation after cardiac surgery. Int Heart J. 2005; 46(5):819-31.
Yánez-Brage I, Pita-Fernández S, Juffé-Stein A, Martinez-González U, Pértega-Diaz S, Mauléon-Garcia A. Respiratory physiotherapy and incidence of pulmonary complications in off-pump coronary artery graft surgery: An observational follow-up study. BMC Pulmonary Med. 2009 [cited 2009 Dec 19]; 9(36). Available from: <http://www.biomedcentral.com>.
: Stiller K. Physiotherapy in intensive care: towards an evidence-based practice. Chest. 2000; 118(6):1801-11.
Arcêncio L, Souza MD, Bortolin BS, Fernandes ACM, Rodrigues AJ, Evora PRB. Pre-and postoperative care in cardiothoracic surgery: A physiotherapeutic approach. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008; 23(3):400-10.
Matte P, Jacquet L, van Dyck M, Goenen M. Effects of conventional physiotherapy, continuous positive airway pressure and non-invasive ventilatory support with bilevel positive airway pressure after coronary artery bypass grafting. Acta Anesth Scand. 2000; 44(1):75-81.
Pasquina P, Merlani P, Granier JM, Ricou B. Continuous positive pressure ventilation versus pressure support ventilation to treat atelectasis after cardiac surgery. Anesth Analg. 2004; 99(4):1001-8.
Coimbra VRM, Lara RA, Flores EG, Nozawa E, Auler Junior JOC, Feltrim MIZ. Aplicação da ventilação nãoinvasiva em insuficiência respiratória aguda após cirurgia cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2007; 89(55): 298-305.