Estamira: à beira do mundo: a loucura como profanação do pensamento
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v43n2a4378Palavras-chave:
Estamira. Loucura. Pensamento. Profanação.Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar a plausibilidade da seguinte hipótese: a partir do cotejamento das reflexões de Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Félix Guattari, é possível concebermos a loucura como uma experiência de profanação do pensamento. Para tanto, se tomará como ponto de partida Estamira, protagonista do documentário de José Padilha e Marcos Prado, lançado em 2006, diagnosticada clinicamente como esquizofrênica. É a partir do encontro com esta mulher de 63 anos, catadora de lixo, moradora do Jardim Gramacho na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro e louca, que se começara a formular a hipótese deste estudo. A fim de sustentarmos teoricamente essa asserção, este texto será divido em três seções. Respectivamente: “Introdução”: na qual se começará a demonstrar a pertinência de pensarmos a loucura na esteira dos estudos da religião, tendo nesse momento o conceito agambeniano de profanação como principal referencial teórico. Na sequência, se passará ao “Desenvolvimento”: que é composto de duas partes, estando a primeira voltada para a compreensão das “formas-de-vida” em Agamben, através das quais poderá ser possível se aproximar de Deleuze e Guattari e suas teses acerca da esquizofrenia como processo. Finalmente, em “Considerações finais”: arriscar-se-à a esboçar alguns traços de um pensamento profano.
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