Orientalismo reflexivo: ou das lentes persuasivas que (ainda) colonizam o imaginário coletivo hegemônico sobre o Islã

Autores

  • Isabel Muñoz-Forero Universidade de São Paulo
  • Luana Baumann Lima Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n1a3804

Palavras-chave:

Al-Dawla al-Islamiya al-Iraq al-Sham. Al-Qaeda. Islã. Islamofobia. Orientalismo.

Resumo

Inspirado nas elucidações de Edward Said em sua obra Orientalismo, este artigo busca evidenciar a pertinência destas para reflexões atuais, sobretudo no que concerne aos modos de concepções consolidados a respeito do Islã e das(os) muçulmanas(os) na atualidade. Para isso, serão observadas as fatias históricas invisibilizadas nas narrativas hegemônicas acerca das organizações Al Qaeda e al-Dawla al-Islamiya al-Iraq al-Sham e a maneira como esse processo de invisibilização opera a partir de lentes persuasivas, que ampliam as experiências franco-britânico-estadunidenses e dominam e cristalizam contornos bipolarizantes que colonizam discursos, territórios, corpos e saberes, assim como práticas e discursos islamofóbicos. Partiu-se do pressuposto de que os atentados de 11 de setembro de 2001 redefiniram as formas de equacionar o mundo e fomentaram narrativas, muitas vezes disfarçadas, do monstro islâmico, as quais carregam veladamente pretensões de demonização da religião e de suas e seus adeptas e adeptos. Diante disso, será apresentada, neste artigo, uma breve analise sobre novas formas de configuração do orientalismo manifestas nos últimos quinze anos pelas ainda potências euro-americanas, as quais, neste artigo, denominam-se orientalismo reflexivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isabel Muñoz-Forero, Universidade de São Paulo

Universidade de São Paulo, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-900, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Luana Baumann Lima, Universidade de São Paulo

Universidade de São Paulo, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-900, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Referências

ATTENTAT contre “Charlie Hebdo”: le récit d'une journée noire. Le Monde, 8 jan. 2015. Disponibles en: <http://www.lemonde.fr/attaque-contre-charlie-hebdo/article/2015/01/08/ce-que-l-on-sait-sur-lattentat-

contre-charlie-hebdo_4551235_4550668.html>. Accès: Jan. 1, 2016.

AGAMBEN, G. Homo sacer, el poder soberano y la nuda vida. Valencia: Editorial Pre-textos Vale, 2006.

ALI, K. Sexual ethics and Islam: Feminist reflections on quran, hadith and jurisprudence. Oxford: One World Publications, 2006.

ALI, K; LEAMAN, O. Islam: The key concepts. New York: Routledge, 2008.

ASAL, H. Islamophobie: la fabrique d'un nouveau concept: état des lieux de la recherche. Sociologie; v.5, n.1, p.13-29, 2014. Disponibles en: https//:doi.org/10.3917/socio.051.0013

BENJAMIN, W. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BRAVO LÓPEZ, F. ¿Qué es islamofobia? Documentacion Social: Revista de Estudios Sociales y Sociología

Aplicada, n. 159, p.189-207, 2010.

CHAGAS, G.F. A pedagogia do Islã: aprendendo a ser muçulmano no Rio de Janeiro. In: FERREIRA, F.C.B. (Org.). Olhares femininos sobre o Islã: etnografias, metodologias e imagens. São Paulo: Hucitec,

p.60.

CHARLIE Hebdo: les suspects "étaient suivis", selon Valls. Europe1. 2015. Disponibles en: <http://www.europe1.fr/politique/manuel-valls-ces-individus-etaient-suivis-2338023>. Accès en: 27 juin. 2016.

COMMINS, D. The Wahhabi mission and Saudi Arabia. London: I.B. Tauris, 2006.

DALTON, R. Taberna y otros lugares. San Salvador: UCA Editores, 1989.

DELTOMBE, T . L’Islam imaginaire: la construction médiatique de l’islamophobie en France. Paris: La

Découverte, 2005.

FOREIGN Fighters: An updated assessment of the flow of foreign fighters into Syria and Iraq. New York: The Soufan Group, 2015. Available form: <http://soufangroup.com/wp-content/uploads/2015/12/

TSG_ForeignFightersUpdate_FINAL3.pdf>. Cited: Jan. 1, 2016.

GADAMER, H.G. Verdad y método: fundamentos de una hermenéutica filosófica. Salamanca: Ediciones Sígueme, 1977.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GROSFOGUEL, R. Breves notas acerca del Islam y los feminismos islámicos tabula rasa. Bogotá, n.21, p.11-29, 2014.

HASHMI, S.H. Wahhabiyya. In: MARTIN, R.C. (Ed.). Encyclopedia of Islam. Detroit: The Gale Group, 2004.

LACROIX, S. Les nouveaux intellectuels religieux saoudiens: le Wahhabisme en question. Revue des

Mondes Musulmans et de la Méditerranée, n.123, p.161-177, 2008.

LE BON, G. Psicologia de las masas. Madrid: Editorial Morata, 2000. Reflexão, Campinas, 42(1):77-93, jan./jun., 2017. https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n1a3804 ORIENTALISMO REFLEXIVO 93

McCORMICK, T.Y. Al Qaeda Core. FP, 17 march 2014. Available form: <http://foreignpolicy.com/2014/03/17/al-qaeda-core-a-short-history/>. Cited: Jan. 1, 2016.

NAVARRO L. Contra el Islam: la visión deformada del mundo árabe en Occidente. Madrid: Editorial

Almuzara, 2008.

O CLONE. Criação: Glória Pérez. Direção: Teresa Lampreia, Marcelo Travesso e Jayme Monjardim. Rio de Janeiro: Rede Globo, 2001. 221 capítulos.

SAID, E. Orientalism. London: Penguin Books, 2003.

VIVEROS DE CASTRO, E. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Revista Mana, v.2, n.2, p.115-144, 1996.

ZAMAN, M.Q. The Ulama in Contemporary Islam: Custodians of Change. Princeton: Princeton University

Press, 2002.

Downloads

Publicado

2017-12-11

Como Citar

Muñoz-Forero, I., & Lima, L. B. (2017). Orientalismo reflexivo: ou das lentes persuasivas que (ainda) colonizam o imaginário coletivo hegemônico sobre o Islã. Reflexão, 42(1), 77–93. https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n1a3804