“Letras negras” em Quartos de Despejo: diálogos entre Carolina Maria de Jesus, o hip-hop e os letramentos
DOI:
https://doi.org/10.24220/2595-9557v4e2021a4975Palavras-chave:
Análise do discurso. Educação não formal. Interseccionalidade. Subjetividades negras.Resumo
O presente trabalho objetiva apontar a conectividade entre a música “Letras Negras” de 2017, de Larissa Luz, e o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada de 1960, de Carolina Maria de Jesus. A canção escolhida faz parte do Movimento Hip-Hop, entendido como agência de letramento e produção de saberes da educação não formal. Filiados à Análise do Discurso e aos Estudos Feministas Negros e tendo a educação não formal como foco, serão analisadas as regularidades presentes nos objetivos do Movimento Negro Brasileiro e do Movimento Hip-Hop na construção da coletividade, pertencimento e elevação da autoestima de negra/os e como esses aspectos são expressos nas obras analisadas. Concluiu-se que ambos os Movimentos contêm processos educativos e podem ser considerados infames na perspectiva foucaultiana e, a partir de sua sobrevivência ao choque com o poder, tornaram-se mecanismos de denúncia e resgate das subjetividades negras silenciadas pela supremacia branca por meio de opressões interseccionais.
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