Autoficção como um procedimento literário na literatura de César Aira
DOI:
https://doi.org/10.24220/2595-9557v2n2a4679Palavras-chave:
Autoficção. César Aira. Literatura contemporânea. Procedimento.Resumo
A variedade das abordagens ao fenômeno autoficcional e o dissenso ainda em expansão
quanto à sua conceituação e limites são as motivações centrais para a proposta de ler a
autoficção como um procedimento literário. Para tanto, parte-se da observação de que
os efeitos provocados pela autoficção — evidenciar a ficcionalidade da própria ficção,
num exercício especular; colocar em suspeição a reversibilidade imediata gerada pela
metonímia: “Eu inscrito na própria ficção - Eu biográfico do escritor” —, decorrerão sempre
de um movimento particular. A autoficção, assim, será considerada neste trabalho como
o emprego, caso a caso, de fórmulas para a produção de narrativas cujo resultado tem se
mostrado sui generis, da ordem do “irrepetível”. O emprego de elementos composicionais
de longa tradição no cânone literário para a construção de autoficções será considerado
tanto no movimento de fusão do nome do autor e de sua própria obra ficcional, quanto
na direção da ruptura e perturbação dessa identidade autoral que decorre de gestos como
arrebanhar o nome próprio e/ou pré-anunciar uma ficção autorreferenciada. A autoficção
será lida, portanto, como um procedimento ad hoc cujas implicações e especificidades
operam contra as tentativas de se universalizar características e elementos composicionais
que atuam nessas obras. Nesse sentido, acredita-se que o escritor César Aira, pelo
relacionamento ambivalente com as narrativas autoficcionais e por sua concepção de
literatura, expressa em ensaios como “Particularidades absolutas” de 2001, serve para
ilustrar tal proposta de leitura.
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