Flores azuis: uma desconstrução do romance epistolar
DOI:
https://doi.org/10.24220/2595-9557v2n2a4601Palavras-chave:
Carola Saavedra. Desconstrução. Romance epistolar.Resumo
Pertencendo ao rol das escritas de si, a carta é um meio de comunicação específico que
visa levar uma mensagem de um remetente para alguém real ou fictício. Sua existência
está atrelada à ausência do destinatário e sua função é aproximar os interlocutores.
Entretanto, a natureza do discurso epistolar é ambivalente porque articula duas dimensões:
a presença (ilusão de aproximação) e a ausência (realidade da separação). Nesse jogo
de presença-ausência, a correspondência abre um espaço de diálogo fictício entre o
remetente e o destinatário, entre o autor e o leitor. Tradicionalmente, o romance epistolar
está estruturado exclusivamente na forma de cartas. Sendo assim, este trabalho discute
de que modo a escritora Carola Saavedra utiliza as cartas como procedimento narrativo ao
mesmo tempo em que desconstrói o gênero epistolar na obra Flores Azuis. A trama gira
em torno da leitura das cartas que o protagonista Marcos recebe da personagem “A.”.
Mesclando o discurso epistolar com uma narração em terceira pessoa, Saavedra apresenta
duas narrativas em perspectivas diferentes: a história contada nas cartas de “A.” e a
história de Marcos, que recebe e lê indevidamente as cartas destinadas a outra pessoa.
A narrativa vai se construindo nesse espaço de diálogo fictício e unilateral, uma vez que
o protagonista não pode responder às cartas porque não tem o endereço da remetente.
Enquanto as duas histórias são contadas, uma terceira trama vai se tecendo diante dos
olhos do leitor do romance que, com um olhar globalizante, constrói os possíveis sentidos
do texto.
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Referências
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